Portugueses em Cabo Delgado com "vontade férrea" de investir na região

O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação português, Francisco André, disse hoje que o empresariado português no Norte de Moçambique continua com uma "vontade férrea" de investir em Cabo Delgado, apesar da instabilidade provocada pela insurgência.

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Lusa
03/07/2021 21:31 ‧ 03/07/2021 por Lusa

Economia

Moçambique/Ataques

 

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"Dos membros da comunidade portuguesa com quem tive oportunidade de me encontrar senti laços muito fortes que existem com Moçambique e com esta região e uma vontade férrea de fazer face às dificuldades", declarou Francisco André, em entrevista à Lusa em Cabo Delgado, no fim do primeiro dia da sua visita a Moçambique.

Para o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, apesar dos desafios e instabilidade causada pela violência armada em Cabo Delgado, a comunidade e o empresariado portugueses naquela província mantêm as mesmas expectativas, embora seja "perfeitamente normal chegar à conclusão de que a situação de insegurança causa dificuldades para a atividade económica".

"Apesar destas dificuldades, eles querem continuar a trabalhar para se manterem aqui e traçarem um caminho em conjunto com os moçambicanos, com quem vivem todos os dias, para ajudar na recuperação económica da região", declarou Francisco André.

O governante português reiterou também a importância dos "laços históricos" que existem entre Maputo e Lisboa, avançando que a presença de Portugal num momento em que Moçambique precisa, com a violência armada em Cabo Delgado, é um sinal de amizade e boa cooperação.

"Moçambique é o maior destinatário da ajuda pública ao desenvolvimento por parte de Portugal, coisa que nos enche de satisfação e mostra bem o nível da nossa relação", afirmou Francisco André, acrescentando que, além do apoio ao país africano face à violência armada em Cabo Delgado, a disponibilização de um lote de 50 mil vacinas para o povo moçambicano simboliza as boas relações entre os dois estados.

"Moçambique pode contar com Portugal, como sempre", frisou.

No seu primeiro dia de visita a Moçambique, Francisco André acompanhou, em Pemba, a chegada do primeiro de três aviões que vão garantir a ponte aérea humanitária da União Europeia para apoiar as populações afetadas pela violência armada em Cabo Delgado, uma iniciativa coordenada entre Portugal e Itália.

A ponte aérea humanitária da UE para Pemba, norte de Moçambique, transportará perto de 15 toneladas de "equipamento que salva-vidas" e visa "responder a necessidades humanitárias urgentes".

Os bens e equipamentos provêm de contribuições específicas da Itália, de organizações como a Sant´Egídio, Oikos, Cuamm e, de Portugal, pela Unidade de Apoio Geral de Material do Exército, da CVP, Caritas e Tese.

O segundo voo da ponte aérea é esperado no domingo em Pemba, enquanto o terceiro chega no dia 09.

O estabelecimento de pontes aéreas humanitárias pela União Europeia foi uma prática utilizada recorrentemente pelo bloco durante a pandemia: segundo estatísticas da Comissão, em 2020 foram operados 67 voos para 20 países através deste mecanismo, o que permitiu fornecer "mais de 1.150 toneladas de equipamento humanitário e médico vital".

Cabo Delgado, província que acolhia o maior investimento privado em África para exploração de gás natural liderado pela Total (da ordem dos 20 mil milhões de euros), é assolado por ataques armados desde 2017, sendo alguns reclamados pelo grupo rebelde Estado Islâmico.

O projeto está suspenso devido à insegurança na região.

A onda de violência já provocou mais de 2.800 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 732.000 deslocados de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).

O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação português vai trabalhar em Moçambique até o dia 07 e, além de visitar Cabo Delgado, tem previstos encontros com membros do Governo na capital moçambicana, reuniões que vão preparar a próxima cimeira bilateral, bem como a negociação do próximo Programa Estratégico de Cooperação 2022-2026.

Leia Também: Lisboa quer envolvimento de outros membros da UE no apoio a Maputo

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