Lisboa. Passageiros com voos cancelados queixam-se de falta de informação

Várias centenas de passageiros com voos cancelados devido à greve da Groundforce, em filas, ou sentadas no chão do aeroporto de Lisboa, queixam-se de falta de informação das companhias aéreas e aguardam uma solução.

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Lusa
17/07/2021 16:33 ‧ 17/07/2021 por Lusa

Economia

Groundforce

A confusão é percetível assim que se chega às imediações do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, com várias pessoas em fila nas diversas entradas do edifício, muitas delas com voos cancelados, mas que decidiram, ainda assim, deslocar-se à Portela, apesar dos apelos da ANA -- Aeroportos para que não o façam.

Já lá dentro, o cenário agrava-se, com centenas de pessoas em fila, na expectativa de chegar aos balcões das companhias aéreas, e outras que decidiram sentar-se ou deitar-se no chão do aeroporto, onde vão esperar até segunda-feira por outro voo.

Hoje é o primeiro dia da greve convocada pelo Sindicato dos Técnicos de Handling de Aeroportos (STHA), como protesto pela "situação de instabilidade insustentável, no que concerne ao pagamento pontual dos salários e outras componentes pecuniárias" que os trabalhadores da Groundforce enfrentam desde fevereiro de 2021.

Pelas 13:30, O número de voos de e para o aeroporto de Lisboa cancelados na sequência da greve da Groundforce era de 166, segundo a ANA.

"Está muita confusão, todo o mundo junto, em época de covid não era nem para estar esta multidão toda, sem nenhuma informação", disse Cátia à Lusa, numa das filas à porta do aeroporto.

Cátia viajou do Brasil para Lisboa, porque tinha um voo de ligação para Estocolmo, na Suécia, onde é exigido um teste negativo à covid-19 realizado no máximo 24 horas antes da entrada no país.

"Perguntei agora para uma moça que está entregando água como é que posso resolver [a questão do teste], ela disse que eu não posso nem entrar aqui e que eles não sabem como resolver", acrescentou.

Devido à elevada afluência de passageiros, a ANA, gestora do aeroporto de Lisboa, decidiu proibir a entrada de pessoas que já tenham voos cancelados, fazendo a triagem nas entradas do edifício.

"Isto aqui vai demorar muito, muito tempo sem nenhuma perspetiva de resolução. [...] Até agora ninguém falou nada, como é que vai ser. [Está] todo o mundo junto, não estão nem um pouco preocupados. Estão preocupados de a gente não entrar em Portugal, mas não estão preocupados de todo o mundo ficar amontoado aqui, isto é um absurdo", lamentou Cátia, que disse, pela hora de almoço, estar no aeroporto há várias horas, sem conseguir obter qualquer informação por parte da companhia aérea.

Também Carla Vale, que chegou com os dois filhos ao aeroporto às 06:30, na expectativa de ir passar uma semana de férias a Amesterdão, nos Países Baixos, lamentou ter sabido do cancelamento do seu voo pelos ecrãs espalhados pelo aeroporto.

"Nós, quando vimos que o voo estava cancelado, nas televisões, dirigimo-nos à porta de embarque, para ver se estava lá alguém da TAP, para dar algum tipo de explicação e não estava lá ninguém, portanto não houve explicação nenhuma e, como vê, está uma fila deste tamanho, nem sei quando é que as pessoas vão sair daqui", disse à Lusa.

"É completamente impossível, mas se não ficarmos aqui, não devemos ter sequer direito a reembolso nenhum. [...] Entretanto estamos a tentar cancelar as reservas todas que temos de carro, hotel, etc, em Amesterdão", acrescentou Carla Vale.

Uma das questões mais levantadas pelos passageiros que se encontram no aeroporto prende-se com os testes à covid-19 exigidos aos viajantes.

Carlos, no aeroporto desde as 05:00 para apanhar um voo da Lufthansa com destino a Oslo, na Noruega, que só vai acontecer na segunda-feira, disse à Lusa que a validade do seu teste estava quase a acabar.

"O teste vai acabar o prazo daqui a bocado, agora tenho de informar-me quando é que vou fazer o outro teste. Tenho de pagar 100 euros, já tinha pago 100 euros e agora vou ter de pagar outros 100. Quem é que se responsabiliza? Ninguém. Tenho de trabalhar segunda-feira e não vou chegar a tempo", lamentou.

Mais sorte teve Helena Adegas, que viu grande parte dos voos para a Madeira ser cancelada, menos o seu.

"Não tenho informação nenhuma de atrasos, todos os voos que estavam encostados ao meu foram cancelados, o meu não foi, portanto ainda estou com esperança de ir", disse à Lusa, enquanto esperava para entrar no aeroporto.

Resta saber, no entanto, se viaja com, ou sem bagagem, uma vez que há casos em que os voos estão a ser realizados, mas as malas ficam em terra.

Leia Também: TAP apela à Groundforce para rever posição sobre proposta de subsídio

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