Alguns analistas avançam a possibilidade de uma transição das compras de dívida de emergência devido à pandemia para um novo programa a partir de março de 2022.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse recentemente que na reunião de 22 de julho seriam discutidas mudanças na orientação futura dos estímulos monetários e que os investidores deveriam preparar-se para alterações nas indicações sobre a orientação da política monetária.
Posteriormente, o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, comentou que o Conselho de Governadores decidirá em breve sobre a transição das compras de dívida de emergência destinadas a travar os efeitos económicos da pandemia para outros programas.
No dia 08 de julho, o BCE anunciou que a sua nova estratégia contempla um objetivo simétrico de inflação de 2% a médio prazo, uma meta mais flexível, admitindo desvios temporários e moderados antes de atuar.
O objetivo de inflação definido pelo BCE até agora era uma taxa próxima, mas ligeiramente abaixo de 2%.
Na ocasião, o BCE também indicou que vai "integrar mais" as alterações climáticas nas decisões de política monetária.
"A revisão estratégica não vai ser apenas um exercício académico, esta é a mensagem clara dos comentários recentes de membros do BCE, incluindo Lagarde", afirma Christoph Rieger, diretor de taxas de juros e crédito do Commerzbank Research, citado pela agência Efe.
Os analistas de UniCredit consideram que Lagarde deixará claro que o BCE vai manter a sua expansão monetária, dado que a economia ainda está no seu limite inferior.
Para Germán García Mellado, gestor da A&G, "são várias as possibilidades que se abrem, como o lançamento de novos programas com menor flexibilidade" ou "o mais provável é o aumento das compras através de um outro programa".
O volume total do programa de compra de dívida de emergência (PEPP) lançado em março de 2020 é de 1,85 biliões de euros, depois de ter sido reforçado na reunião do BCE de dezembro e de a sua duração ter sido prolongada até março de 2022.
García Mellado também antecipa que o BCE mantenha o ritmo de compra de dívida do PEPP até setembro e a partir de então reduza o volume de compras até completar os 1,85 biliões previstos.
O BCE comprou até agora com o PEPP dívida no valor de 1,2 biliões de euros.
Numa nota enviada à Lusa, Franck Dixmier, da Allianz Global Investors, considera que esta reunião "é importante, já que o BCE vai ter de clarificar o seu roteiro na sequência do seu anúncio de revisão estratégica a 8 de julho".
A mesma nota refere também que "o cenário, dominado pelo ressurgimento da pandemia em grande parte da Europa, continua favorável a uma manutenção da política monetária acomodatícia, apesar de uma flexibilização nas condições financeiras desde maio, graças à queda nas taxas de juro de longo prazo".
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