"Estamos a falar, antes do político, do cidadão, de um cidadão de valores, de causas. (...) É sempre importante termos pessoas com este perfil a servirem o país", disse o presidente da AEP em declarações à agência Lusa, reagindo à morte do antigo chefe de Estado, hoje, aos 81 anos.
Luís Miguel Ribeiro destacou, por um lado, "aquilo que sempre foi o reconhecimento do Presidente Jorge Sampaio aos empresários e ao papel" destes, evidenciado pelas "muitas distinções" que fez "a muitos empresários nacionais".
Por outro lado, lembrou a "proximidade" de Jorge Sampaio à AEP, com a qual esteve "em diferentes momentos", desde comemorações do aniversário da associação a visitas que efetuou às respetivas instalações.
Finalmente, Luís Miguel Ribeiro salientou "a interação" sempre mantida com o antigo Presidente da República, mesmo após este ter cessado as funções presidenciais: "Estivemos, desde o primeiro momento, a apoiar a Plataforma Global para os Estudantes Sírios. Tive ocasião de estar pessoalmente com ele nessa altura e acompanhámos sempre essa sua causa, que apoiámos em diversos momentos, quer através da AEP, quer através da Fundação AEP", lembrou.
A este propósito, o líder associativo recordou as palavras de Jorge Sampaio num artigo publicado ainda recentemente, "dizendo que não se pode responder às crises humanitárias ao sabor de modas e ignorá-las por razões de cansaço, enfado ou indiferença".
"Ele escreveu isto há muito pouco tempo e já nesta fase final da vida dele. E eu acho que isto distingue muito aquilo que é a personalidade, o percurso e as convicções que ele teve até aos seus últimos dias", sustentou.
Para Luís Miguel Ribeiro, é "sempre bom recordar pessoas de causas e com o perfil de coerência, humanista e defensor dos direitos humanos" de Jorge Sampaio.
O antigo Presidente da República Jorge Sampaio morreu hoje aos 81 anos, no hospital de Santa Cruz, em Lisboa.
Antes do 25 de Abril de 1974, foi um dos protagonistas da crise académica do princípio dos anos 60, que gerou um longo e generalizado movimento de contestação estudantil ao Estado Novo, tendo, como advogado, defendido presos políticos durante a ditadura.
Jorge Sampaio foi secretário-geral do PS (1989-1992), presidente da Câmara Municipal de Lisboa (1990-1995) e Presidente da República (1996 e 2006).
Após a passagem pela Presidência da República, foi nomeado em 2006 pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas enviado especial para a Luta contra a Tuberculose e, entre 2007 e 2013, foi alto representante da ONU para a Aliança das Civilizações.
Atualmente presidia à Plataforma Global para os Estudantes Sírios, fundada por si em 2013 com o objetivo de contribuir para dar resposta à emergência académica que o conflito na Síria criara, deixando milhares de jovens sem acesso à educação.
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