Indústrias do Brasil expressam preocupação com tensão entre poderes
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), entidade patronal mais influente do Brasil, afirmou hoje numa nota pública que vê com "grande preocupação o agravamento das tensões entre os poderes" no Brasil.
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Economia Brasil
O texto divulgado nos principais jornais do país e no site da Fiesp, que se refere à crise entre o executivo e o Judiciário provocada por declarações do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, contra juízes e o sistema eleitoral do país, pediu serenidade e pacificação face "à grave crise institucional que atravessa o país".
Segundo a federação, o momento atual "exige serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional" e, sobretudo, ações "urgentes e necessárias" para que o Brasil "supere a pandemia, volte a crescer de forma sustentada e continue a criar empregos".
A Fiesp também defendeu que a harmonia entre os três poderes tem de ser a regra, conforme estabelece a Constituição Federal.
"É imprescindível que todos os ocupantes de cargos relevantes na República sigam o que a Constituição impõe", frisaram os patrões no texto, intitulado "A praça pertence aos três poderes", em referência à Praça dos Três Poderes de Brasília, que abriga as sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário.
No entanto, a entidade não mencionou os protestos de extrema-direita na última terça-feira ou os ataques de Bolsonaro às instituições democráticas, que se intensificaram nos últimos meses.
Nesse sentido, a Fiesp destacou que a mensagem não é dirigida a nenhum dos poderes especificamente, mas a "todos simultaneamente, já que a responsabilidade é conjunta".
Por isso, pediu uma aproximação e cooperação entre os poderes, pois, segundo a federação, esse é o desejo da nação brasileira.
"É preciso que cada um atue com responsabilidade dentro dos limites de sua competência, obedecendo aos preceitos estabelecidos em nossa Carta Magna", alertou o manifesto da Fiesp.
Na terça-feira passada, Bolsonaro liderou manifestações massivas convocadas pelos seus apoiantes em defesa liberdade de expressão nas quais se destacaram mensagens contra a democracia e as suas instituições.
As posições defendidas pelo Presidente mereceram uma dura resposta do Supremo Tribunal Federal, de líderes do Parlamento, partidos políticos e até organizações empresariais e financeiras, o que levou Bolsonaro a divulgar uma nota na quinta-feira na qual dizia que nunca quis atacar o Supremo Tribunal Federal e o Congresso.
Da mesma forma, numa transmissão nas suas redes sociais, Bolsonaro disse estar "pronto para conversar", apesar de reconhecer "os problemas" que tem com algumas das instituições.
O manifesto estava previsto para ser publicado no dia 31 de agosto, mas foi adiado para depois das manifestações de 7 de setembro pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf, após pressão de entidades empresariais e de aliados do Governo Bolsonaro.
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