"Lidar com os desafios de corrupção e com as questões antigas de governação macroeconómica é crítico para garantir um crescimento inclusivo" num país onde o FMI estima que o crescimento económico atinja os 4,1%, interrompendo vários anos de recessão, mas mergulhando depois novamente no vermelho a partir de 2022, ano em que a economia deverá cair 1,5%, e vai manter-se em território negativo pelo menos até 2026.
Na declaração que acompanha o anúncio da disponibilização de uma assistência financeira de emergência, o vice-diretor executivo do FMI, Bo Li, aponta que, para garantir a estabilidade macroeconómico, promover o crescimento inclusivo e combater a corrupção, "as autoridades precisam de acelerar as reformas ao abrigo do Programa de Financiamento Ampliado [PFI]", suspenso no princípio do ano e ainda sem data para recomeçar.
"Os recentes progressos nas reformas de governação são bem-vindos, mas este esforço tem de ser sustentado e as reformas ao abrigo do PFI precisam de ser implementadas na totalidade", alerta o responsável, vincando que "é importante que as autoridades honrem o seu compromisso de preparar e publicar uma lista de ativos significativos para privatização e aprovem a regulamentação em linha com a lei anticorrupção assim que possível".
Bo Li avisa ainda que "as medidas para fortalecer a estabilidade do setor bancário, como o pagamento das dívidas atrasadas e a recapitalização do maior banco, precisam de ser implementadas sem mais demoras".
O FMI aprovou hoje um apoio de emergência de 67,38 milhões de dólares para apoiar a Guiné Equatorial a recuperar das explosões em Bata e para robustecer o combate à pandemia.
"A pandemia e as explosões em Bata infligiram graves danos à economia da Guiné Equatorial, enfraquecendo substancialmente a perspetiva de evolução económica, aumentaram as dificuldades económicas e financeiras, e afetaram severamente o rendimento de uma grande parte da população", lê-se na nota enviada esta manhã à Lusa.
No texto, o FMI diz que "as autoridades estão empenhadas em tomar mais medidas, no âmbito do esforço em curso para lidar com os desafios referentes à governação e à corrupção que a Guiné Equatorial enfrenta".
O desembolso, equivalente a cerca de 57 milhões de euros, vai ajudar o país a "as urgentes necessidades orçamentais e da balança de pagamentos que resultam da pandemia de covid-19 e das explosões em Bata, em março, e catalisar recursos externos adicionais, bem como aumentar as reservas junto da Comunidade Económica e Monetária da África Central", diz a instituição financeira multilateral.
A pandemia e as explosões aumentaram as necessidades externas de financiamento externo na balança de pagamentos em 625 milhões de dólares (530 milhões de euros), que representa 5% do PIB neste e no próximo ano, aponta o FMI, apontando que o Governo reagiu "de forma apropriada", aumentando a despesa em saúde, incluindo a compra de vacinas, e potenciando a assistência social.
Três fortes explosões, espaçadas em vários minutos, arrasaram vários edifícios do campo militar e numerosas casas dos bairros vizinhos a 7 de março em Bata, a principal cidade continental da Guiné Equatorial, causando 107 mortes e 600 feridos.
Na cidade de Bata residem cerca de 800.000 dos cerca de 1,4 milhões de habitantes da província do litoral, rica em petróleo e gás, mas cuja maioria da população vive em situação de pobreza.
A Guiné Equatorial, país que integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), regista até agora 131 óbitos e 10.498 casos de infeção por covid-19, segundo dados das autoridades equato-guineenses.
A covid-19 provocou pelo menos 4.646.416 mortes em todo o mundo, entre mais de 225,72 milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil ou Peru.
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