Brasil e Argentina abordam "modernização" do Mercosul após advertência
Os ministros das Relações Exteriores brasileiro, Carlos França, e argentino, Santiago Cafiero, conversaram na terça-feira sobre a "modernização" do Mercosul após o Brasil ter advertido que divergências desse processo devem resultar em saídas do bloco.
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Economia MERCOSUL
Carlos França aproveitou um telefonema que fez a Cafiero para o felicitar pela nova nomeação como ministro argentino para abordar o tema da "modernização" do bloco económico que os dois países compartilham com o Paraguai e o Uruguai, informou o Ministério das Relações Exteriores do Brasil na rede social Twitter.
"O ministro Carlos França manteve hoje [terça-feira] conversa telefónica com o novo Ministro das Relações Exteriores da Argentina, Santiago Cafiero. Ao felicitá-lo pela assunção do cargo, manifestou a disposição de trabalhar em prol dos projetos de interesse comum", indicou a tutela.
Por sua vez, Cafiero afirmou que falou com Carlos França sobre "o potencial de coordenação entre os dois países em matérias de infraestrutura".
"Para a Argentina, preservar a unidade regional é uma política de Estado", acrescentou o governante argentino no Twitter.
A conversa entre os chefes diplomáticos das duas maiores potências do Mercosul aconteceu um dia após o ministro da Economia brasileiro, Paulo Guedes, ter afirmado que o bloco económico necessita de ser "modernizado" e advertiu que se algum dos seus membros se sentir "incomodado" com isso, que "se retire".
"O Mercosul vai modernizar-se e quem estiver incomodado que se retire", disse Paulo Guedes no encontro virtual "O Brasil Quer Mais", organizado pela Câmara de Comércio Internacional.
A modernização a que o ministro aludiu passa por uma possível redução da tarifa externa comum (TEC) do Mercosul e por permitir aos estados-membros negociar acordos com outros países ou plataformas de integração de forma individual e não conjunta, como até agora impõe o regulamento interno do bloco.
Ambas as propostas são fortemente defendidas pelo Brasil e Uruguai, enquanto o Paraguai as apoia parcialmente e a Argentina se opõe de forma frontal.
O Governo argentino defende reduções tarifárias mais moderadas e pontuais para não prejudicar a competitividade dos seus produtores frente às importações de outros mercados.
Apesar da posição da Argentina, a "nossa posição é a de avançar", disse Guedes no encontro virtual com empresários.
"Não vamos sair do Mercosul, mas também não vamos aceitar o Mercosul como instrumento de ideologia", acrescentou o ministro do Governo de Jair Bolsonaro, que mantém uma linha crítica contra o chefe de Estado argentino, Alberto Fernández, a quem classifica como "socialista".
Cafiero, que até agora ocupava o cargo de chefe do gabinete de Fernández, assumiu a liderança da diplocia argentina no âmbito de uma reforma ministerial promovida pelo chefe de Estado após uma crise política iniciada com a derrota da maioria governamental nas eleições primárias, no domingo, que resultou em conflito com a vice-presidente, Cristina Kirchner.
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