"O impacto é devastador. Estamos com o gasóleo verde perto um euros [por litro], que é um valor perfeitamente incomportável" e que não dá "qualquer espécie de viabilidade" às explorações agrícolas, afirmou à agência Lusa o dirigente associativo.
A Associação dos Jovens Agricultores do Sul (AJASUL), com sede em Évora e polos em Reguengos de Monsaraz e Portel, tem quase 1.000 associados, todos no distrito de Évora.
Segundo o presidente desta associação, com a subida dos preços dos combustíveis, "aumenta tudo", nomeadamente o custo das sementes, dos adubos, das rações para os animais e dos transportes.
"Temos adubos a chegarem a custar perto do dobro do que custavam na campanha anterior", assinalou, dando como exemplo um que é "muito usado no Alentejo" e cujo preço está "perto dos 900 euros por tonelada".
Diogo Pestana de Vasconcelos considerou que são valores "perfeitamente incomportáveis" para os agricultores, pois "o custo de semear um hectare aumenta 30%, 40% ou 50% em relação ao ano passado".
"Se o ano corre mal em termos meteorológicos, que não está a correr muito bem, até agora, mas também vamos no princípio, as perdas potenciais aumentam enormemente e o fator risco nas culturas está pelo teto", vincou.
Para o dirigente associativo, com este nível de preços dos combustíveis, "são necessárias medidas de apoio" para todos os setores de atividade, mas "mais para a agricultura", porque são custos "impossíveis" para a atividade agrícola.
"Ou se tomam medidas para controlar o aumento dos fatores de produção ou então vamos ter sérios problemas de abastecimento, que já se estão a notar em alguns setores", sublinhou.
Observando que "todo o sistema primário está a aumentar os preços", o presidente da AJASUL avisou que as subidas vão-se "repercutir na cadeia inteira", pelo que é de esperar que "o preço dos alimentos aumente para o consumidor".
"Tudo isto vai provocar inflação na sociedade em todos os níveis", acrescentou.
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