OE/Crise. Impacto pode ser "significativo" se instabilidade se prolongar
A instabilidade política em Portugal cria incerteza, sendo que o impacto poderá ser significativo na perceção de Portugal pelos mercados e investidores se a crise política se prolongar demasiado tempo, consideraram analistas contactados pela Lusa.
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Economia OE/Crise
Segundo o analista da ActivTrades Mário Martins, "o chumbo do Orçamento do Estado cria uma inevitável fase de incerteza" pois os investidores privilegiam a estabilidade e porque "nesta fase ainda é cedo para se poder aferir que as eleições antecipadas poderão resolver logo o impasse" ou se este se manterá.
Contudo, considera que para já o impacto é limitado, mas que pode ser mais significativo se o impasse continuar: "Sem dúvida que terá um impacto, mas não deverá ser muito significativo, exceto se chegarmos a meados de 2022 sem orçamento porque aí, sim, os investidores começarão a levantar dúvidas", afirmou Mário Martins.
Para o analista da XTB Henrique Tomé, a instabilidade política em Portugal "parece não estar a causar qualquer tipo de impacto ao desempenho do PSI-20", referindo que os mercados continuam a seguir a tendência dos pares europeus sendo o contexto internacional o "fator chave que pesa no sentimento da bolsa portuguesa".
Contudo, afirmou, "naturalmente não é do interesse dos investidores investirem em países que apresentem algum tipo de instabilidade", pelo que se a situação se arrastar "as consequências económicas poderão ser graves e as agências de notação financeira poderão rever em baixa o 'rating' da República". Logo, disse, os juros da dívida pública também poderão sair prejudicados, subindo.
O economista-chefe do Montepio, Rui Serra, afirmou também que "para já não são visíveis grandes impactos nos juros da dívida pública portuguesa", referindo que houve uma ligeira subida da dívida a 10 anos face à dívida alemã nas sessões de quarta-feira e quinta-feira, mas que a magnitude da subida foi semelhante à que aconteceu com a dívida de Espanha.
Também no 'rating' de Portugal, considerou, "não se espera alterações no curto prazo", sobretudo se "do resultado das eleições advir uma maioria parlamentar que respeite os objetivos de consolidação orçamental de médio prazo".
"Só um hipotético cenário em que os partidos mais à esquerda ganhem importância na governação poderá criar uma situação mais 'desconfortável' para as agências de rating", disse.
No investimento, considerou que "poderá haver algum adiamento das decisões" até "o quadro político ficar mais claro, quer em termos da política fiscal, quer em termos das leis laborais".
Já ao nível do consumo, Rui Serra disse não esperar que "a instabilidade política seja muito relevante" uma vez que já havia a incerteza pandémica a condicionar as decisões de consumo.
Sobre a execução dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), afirmou o economista-chefe do Montepio que, estando o plano aprovado, as decisões técnicas de aprovação das candidaturas continuarão. Contudo, avisou, já nos grandes projetos, que precisam de aprovações de natureza política, "poderá, de facto, haver um adiamento das decisões até que exista um novo Governo empossado".
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