Empresários do Alto Minho divididos em relação a vendas no Natal
Os comerciantes de Viana do Castelo, Caminha e Paredes de Coura estão "otimistas" em relação às vendas de Natal, mas em Cerveira e Valença teme-se que as medidas de prevenção da covid-19 afastem os consumidores da Galiza.
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Economia Covid-19
"Mesmo com o estado de calamidade e com algumas regras não tão restritivas, mas mais preventivas, os comerciantes de Viana do Castelo, Caminha e Paredes de Coura estão mais otimistas quanto a uma movimentação económica maior, tanto no Natal como no Ano Novo. É óbvio que nos concelhos transfronteiriços, com a circulação mais complicada, o tecido empresarial está mais apreensivo", afirmou hoje à agência Lusa, o presidente da Associação Empresarial de Viana do Castelo (AEVC).
Manuel Cunha Júnior frisou que os autarcas de Valença e Vila Nova de Cerveira, bem como o Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Rio Minho, já solicitaram ao Governo um regime de exceção para estes territórios fronteiriços, em particular de ambas as margens do rio Minho, com uma realidade "única" de cooperação e de partilha.
"Para os municípios da raia os consumidores da Galiza são muito importantes. As restrições à circulação terão impacto nas vendas. Esperamos que essa situação seja revista", apontou, referindo-se ao impacto económico e sociocultural que estas medidas acarretam para o quotidiano transfronteiriço.
Segundo Manuel Cunha Júnior, em Viana do Castelo, Caminha e Paredes de Coura, "para já as expectativas são positivas", também fruto do "forte investimento" que as autarquias fizeram "na animação de Natal e nos apoios ao comércio".
A instituição representa cerca de 1.100 associados de Viana do Castelo, Caminha, Vila Nova de Cerveira, Valença e Paredes de Coura.
O presidente da AEVC, que tem sede em Viana do Castelo, adiantou não ter sido ainda informado, por nenhuma câmara da área de abrangência da instituição, do cancelamento dos programas de animação natalícia.
Já quanto aos festejos de Ano Novo está mais apreensivo: "Acredito que seja bem provável que as atividades programadas para o Ano Novo venham a ser canceladas", disse.
Contactado pela Lusa, o presidente da Confederação Empresarial do Alto Minho (CEVAL), Luís Ceia, disse que há "apreensão" no setor na sequência das últimas medidas de prevenção da covid-19.
"As empresas da região, particularmente do comércio e restauração, vão sofrer um impacto grande. Por exemplo, na restauração, este é um período em que se fazem muitos jantares de Natal. Com a evolução da doença e as novas medidas, a maioria desses jantares vão ser cancelados ou, então, muito reduzidos em número de presenças", especificou.
Luís Ceia acrescentou que se as medidas de prevenção da pandemia vierem a ser agravadas, impondo restrições aos contactos entre famílias, o comércio poderá ser afetado porque "sem proximidade, as prendas trocadas pelos agregados familiares, tenderão a cair".
"É Um cenário preocupante. As empresas vêm de um período mais agradável, no verão, e esperavam agora, neste período de excelência, melhores previsões que podem ficar bastante defraudadas", referiu.
A CEVAL, com sede em Viana do Castelo, representa cerca de 5.000 empresas do Alto Minho que empregam mais de 19.000 trabalhadores.
Também o presidente da Associação Empresarial de Ponte de Lima (AEPL), Nuno Armada, disse à Lusa que "as expectativas eram ótimas", mas as restrições decretadas pelo Governo para conter a evolução da pandemia de covid-19, "deixaram os comerciantes muito apreensivos".
"Os comerciantes vivem muita incerteza. Não sabem o que os espera. Se a evolução da pandemia for travada, vamos ter um Natal e Ano Novo com boas vendas, melhores que em 2020. Mas ainda é uma incógnita", referiu.
Segundo Nuno Armada, os comerciantes "têm feito um esforço para dinamizar os seus estabelecimentos comerciais, estão a trabalhar melhor que no ano passado".
"Compraram produto, estão a trabalhar, na esperança de que não surjam restrições mais apertadas", referiu o presidente da AEPL que tem cerca de 300 associados.
O vice-presidente da Associação Comercial e Industrial de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca (ACIAB), Francisco Peixoto Araújo, reconheceu que a evolução da pandemia "não está a facilitar, mas em geral, os comerciantes dos dois concelhos continuam a ter expectativas positivas".
"Temos de respeitar as regras, que todos conhecemos, porque já andamos nisto há dois anos. Também temos de continuar a viver porque a economia de Arcos de Valdevez, Ponte da Barca e do país não pode parar", referiu.
O vice-presidente da ACIAB, que representa 1.200 empresas dos dois concelhos, sublinhou que dezembro é "crucial para o comércio".
"Para já, as vendas não estão a correr mal", observou.
O responsável adiantou que em Arcos de Valdevez, a câmara lançou uma campanha para estimular o consumo local e apoiar o comércio, no valor global de 25 mil euros.
Uma das iniciativas conta com a parceria da ACIAB e "é concretizada através da entrega de três mil vales de desconto, com valor unitário de cinco, nos 100 estabelecimentos comerciais que já aderiram, com o objetivo de incentivar ao consumo no comércio local".
Por "cada compra de valor igual ou superior a euros num dos estabelecimentos aderentes à campanha, o consumidor recebe o vale, podendo descontar diretamente nessa compra ou em outra compra em outro estabelecimento aderente".
A covid-19 é uma doença respiratória provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.
Uma nova variante, a Ómicron, foi recentemente detetada na África do Sul, tendo sido identificados, até ao momento, 19 casos em Portugal.
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