Ex-chefe de missão do FMI discorda de muitas das críticas à Troika
O ex-chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Portugal, Poul Thomsen, disse hoje à Lusa que não concorda com muitas das críticas feitas ao programa de ajustamento económico e financeiro implementado pela 'Troika'.
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Economia Troika
"Na verdade, não concordo com muitas críticas. Havia alguns argumentos de que o multiplicador orçamental era irreal. Não tenho a certeza disso. Houve algumas críticas de que não prevíamos todos os problemas do sistema bancário e também não concordo com isso", disse Poul Thomsen à Lusa.
O economista dinamarquês está hoje em Lisboa, onde falou no 2021 Fórum Financeiro Outlook, que decorre na Culturgest.
O ex-membro da 'Troika', que implementou o Programa de Assistência Económica e Financeira, considerou que o programa português "teve sucesso", e que na altura a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o FMI trabalharam com a informação de que dispunham.
"Na altura, baseámos a nossa decisão nas informações de que dispúnhamos. Portanto, penso que, se olharmos para o programa, penso mesmo que fez com que Portugal lidasse com alguns dos seus problemas estruturais. Não todos, nunca é assim, mas foi um programa que restaurou a confiança na capacidade de Portugal para lidar com o seu problema", disse à Lusa.
O economista dinamarquês destacou a importância do consenso político por parte dos principais partidos políticos da época, ao contrário do que acontecia na Grécia.
"Acho que o ponto crítico foi que havia um consenso político na época. Eu estive a negociar e a dirigir o trabalho na Grécia por um ano, onde o programa colapsou - é uma palavra forte, mas falhou - por falta de unidade política", disse Thomsen.
O ex-diretor do Departamento Europeu do FMI disse que quando a 'Troika' veio a Portugal "deixou claro que o programa precisava ser apoiado não só pelo governo socialista que estava no poder, mas também pela oposição social-democrata".
"O Governo sabia que estávamos a falar com a oposição também", reforçou.
"Estou convencido de que o sucesso do programa não se resumiu aos detalhes do programa. Claro que acertámos nalgumas coisas errámos noutras", frisou.
Depois de "Portugal ter saído do abismo, o debate político normal retomou, e penso que isto fala muito bem do corpo político português, ao entender que existe um interesse nacional que se sobrepõe à luta partidária".
"Acho que foi um programa de sucesso. Afinal Portugal saiu da crise com um crescimento mais forte e durante os 10 anos anteriores à crise [do coronavírus] embarcou numa redução gradual da sua dívida, por isso acho que isso é bom", disse.
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