CCP. Portugal tem tendência para "desvalorizar comércio e serviços"
O presidente da CCP, João Vieira Lopes, defendeu hoje, em Lisboa, que, em Portugal, há uma tendência para desvalorizar o comércio e os serviços, lembrando que esta confederação apresentou reservas quando ao PRR, apesar de reconhecer alguns pontos positivos.
© Global Imagens
Economia João Vieira Lopes
"Em Portugal, historicamente temos tido, por vezes, uma certa tendência para desvalorizar os setores do comércio e serviços, que em termos de emprego, PIB [Produto Interno Bruto] e valor acrescentado são, cada vez mais, essenciais em termos de evolução da economia", afirmou João Vieira Lopes, em Lisboa, na apresentação de duas iniciativas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
O Governo apresentou hoje as iniciativas Bairros Comerciais Digitais e das Aceleradoras do Comércio Digital, que estão incluídas no PRR.
A dotação global destes investimentos ultrapassa os 100 milhões de euros e destina-se a promover e apoiar a incorporação de tecnologia nos modelos de negócio das empresas, "combinando-as, no caso dos Bairros Comerciais Digitais, com um investimento claro nos vetores da proximidade, do urbanismo comercial e da digitalização da experiência de consumo".
Já as Aceleradoras do Comércio Digital destinam-se a apoiar a transição digital das empresas, "avaliando o seu estágio de maturidade e propondo um plano de ação", que será acompanhado pelo financiamento de serviços digitais, segundo informação divulgada pelo executivo.
João Vieira Lopes lembrou que a CCP apresentou "algumas preocupações" quanto ao PRR, nomeadamente quanto ao rácio de investimento público e privado das empresas.
"Ficámos preocupados porque as três áreas fundamentais para as empresas - investimento e inovação, qualificação e competências e empresas 4.0 -, representam apenas 24% das verbas a fundo perdido", precisou.
Contudo, o presidente da CCP destacou que o facto de as iniciativas hoje apresentadas incentivarem um trabalho em comum entre associações empresariais e autarquias aparenta ser "extremamente válido".
Segundo este responsável, durante muitos anos, as autarquias dedicaram-se a construir infraestruturas que Portugal não tinha, enquanto as associações empresarias têm tido um papel importante na formação e qualificação das pessoas.
João Vieira Lopes defendeu ainda que a iniciativa Bairros digitais está "bem estruturada", partindo de um "diagnóstico realista" do impacto da pandemia de covid-19 no setor.
Já quando ao projeto das aceleradoras mostrou algumas dúvidas, vincando que este trabalho não pode ser apenas "um catálogo".
O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que tem um período de execução até 2026, pretende implementar um conjunto de reformas e investimentos tendo em vista a recuperação do crescimento económico. Além de ter o objetivo de reparar os danos provocados pela covid-19, este plano tem ainda o propósito de apoiar investimentos e gerar emprego.
A dotação total do PRR ultrapassa os 16.600 milhões de euros, distribuída pelas suas três dimensões estruturantes -- resiliência (11.125 milhões de euros), transição climática (3.059 milhões de euros) e transição digital (2.460 milhões de euros).
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