Numa mensagem interna, a que a Lusa teve acesso, o SNPVAC disse que alertou a companhia para "que existem outras medidas para fazer face às dificuldades de operação, nomeadamente a reposição do período normal de trabalho para 100%, aumentando assim também o rendimento dos tripulantes".
"Atempadamente avisamos e não nos enganamos nas previsões: a situação pandémica agravou-se novamente e os isolamentos voltaram a colocar pressão na operação", lê-se na mesma nota.
A TAP pediu aos chefes de cabine que ocupem, de forma voluntária, funções menos graduadas, de comissários de bordo, para fazer face aos problemas gerados pela covid-19, que colocou muitos profissionais em isolamento, segundo um documento interno.
Na mensagem enviada esta semana, a que a Lusa teve acesso, assinada pela diretora de tripulantes da cabine, por Mónica Chaby, a TAP apela para que os profissionais se possam voluntariar para funções que não ocupam normalmente.
"Nesse sentido, têm sido realizados pelo SOE [Serviço de Operações e Escalas] convites a tripulantes CCB [chefes de cabine] para operarem na função de CAB [comissários/assistentes de bordo] em voos para os quais não foi possível completar a tripulação pelos processos normais, sendo este tipo de convite utilizado apenas como último recurso depois de esgotadas todas as alternativas de solução no dia da operação, e de forma a evitar o cancelamento iminente do voo", informou a companhia.
O SNPVAC disse que não foi consultado sobre esta nota: "Demarcamo-nos desta atuação da companhia, que, pela primeira vez, reconhece que está a fazer um convite aos tripulantes de cabine que 'extravasa claramente os princípios estabelecidos em AE' [acordo de empresa]", afirmou.
Num comunicado enviado à Lusa, o sindicato disse que "segue com muita preocupação os cancelamentos dos voos programados pelas companhias aéreas provocadas pela pandemia covid-19".
"Os tripulantes das companhias aéreas são profissionais que estão diariamente em contacto com centenas de passageiros e como tal estão muito expostos a contágios de risco provocados pela pandemia", salientou.
"Em Portugal, os tripulantes tudo têm feito para que os voos possam manter a sua atividade normal, incluindo trabalhar nas folgas, adiar férias, etc. Não é possível exigir mais a uma classe que já deu mostras, no passado recente, nomeadamente durante o processo de restruturação, que quer ser parte da solução e não do problema", sublinhou o SNPVAC.
"Estamos certos que com a entrada em vigor das novas regras da DGS [Direção-Geral da Saúde], nomeadamente com a introdução da redução do tempo de isolamento para os positivos assintomáticos, esta situação se possa atenuar", rematou.
Na sua mensagem, a TAP ressalvou que "esta solicitação não pretende constituir qualquer tipo de pressão, sendo simplesmente um pedido extraordinário de ajuda para ultrapassar a imprevisibilidade e complexidade que a atual situação representa para a gestão das tripulações, em consequência do elevado número de tripulantes em isolamento, e dos muitos voos em risco de cancelar".
A companhia indicou depois que "diariamente tem havido um elevado número de baixas, tendo-se atingido um pico diário de cerca de 80 ocorrências, e, só entre os dias 31 de dezembro e 01 de janeiro foram efetuados 24 cancelamentos".
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