Numa entrevista à rádio France Inter, Lagarde reconheceu que não pode avançar uma previsão de inflação para este ano e limitou-se a assinalar que, no passado dia 16 de dezembro, o BCE avançou com uma estimativa de 3,2%.
A líder do BCE reafirmou que a inflação atual se deve em 50% ao aumento dos preços da energia, sendo a outra metade atribuída aos "estrangulamentos" que se geraram com a forte recuperação económica na produção, nos portos ou no transporte.
"Cremos que esses fenómenos vão estabilizar pouco a pouco e baixar", mas, admitiu que será menos do que tinha sido antecipado.
Sobre o facto de o BCE não estar a dar passos idênticos aos da Reserva Federal norte-americana para possíveis subidas das taxas de juro para travar a inflação, Lagarde disse que a situação "é muito diferente".
Lagarde explicou que a inflação na zona euro é inferior à dos Estados Unidos e que a recuperação económica norte-americana está mais avançada.
Por esses motivos "temos todas as razões para não reagir tão rápida e brutalmente", afirmou.
A presidente do BCE acrescentou que se houvesse agora um aumento das taxas de juro, as consequências chegariam num prazo de seis a nove meses e poderia ser um travão para a atividade económica, situação que se quer evitar.
Sobre o Pacto de Estabilidade, a presidente do BCE considerou que têm de ser restabelecidas regras para controlar o défice público e a dívida, mas "não serão seguramente as mesmas" que havia antes da crise causada pela pandemia.
Questionada sobre se o critério de o défice não ser superior a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) está desatualizado, Lagarde respondeu que não, porque está inscrito num texto que teria que ser renegociado e obter um acordo unânime dos países membros para desaparecer, o que considera não ser possível até 2023, quando se prevê que voltem a aplicar-se as regras do Pacto de Estabilidade, mas acrescentou que há margem para atuar sobre "as modalidades de interpretação" dessas regras.
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