Com os novos prazos do crédito à habitação, o que acontece às prestações?
"Prazos mais curtos significam prestações mais altas", alerta a DECO. Fique a par de algumas precauções que deve ter ao contratar um crédito à habitação.
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Economia empréstimos
No final do mês passado, o Banco de Portugal (BdP) anunciou a introdução de novos limites ao crédito da casa a partir de abril e, desde logo, os empréstimos a 40 anos passam a estar disponíveis só para quem tem até 30 anos. Nesta senda, a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO) alerta que é previsível que as prestações aumentem.
"Prazos mais curtos significam prestações mais altas. Um consumidor de 35 anos, por exemplo, que, a partir de abril, vai deixar de poder contratar um crédito a 40 anos, passando este limite máximo a 37 anos, vai pagar mais 16,84 euros de prestação mensal por cada 100 mil euros de empréstimo, considerando um financiamento com um spread de 1% e indexado à Euribor a 12 meses (-0,477%). Para este cenário, aos valores atuais da Euribor, este é o custo da redução de três anos na maturidade máxima", adianta a DECO, numa nota publicada no seu site.
A questão, explica a DECO, é que "para quem esteja no limite da taxa de esforço (indicador que traduz o peso dos empréstimos nos rendimentos do agregado e que não deve ser superior a 35%), prestações mais altas podem condicionar a aprovação do crédito".
Contudo, importa sublinhar que "quanto mais longo for o prazo de reembolso do empréstimo, mais demorada se torna a amortização de capital e mais juros o consumidor acaba por pagar" e, segundo a DECO, há ainda outro risco: "o prolongamento do crédito para lá da idade da reforma, altura em que, geralmente, se verifica uma quebra nos rendimentos".
Precauções a ter ao contratar um crédito à habitação
De acordo com a DECO, além das questões relacionadas com o valor de entrada do crédito e com a escolha da taxa (fixa ou variável), há outras precauções que deve ter ao contratar um crédito à habitação:
- "Não aceitar de cruz a proposta do banco com o qual se trabalha habitualmente. Há que ir à concorrência e pedir várias simulações";
- "Ao comparar as várias simulações é fundamental não cair na tentação de comparar apenas a prestação ou o spread oferecido pelo banco. A taxa anual de encargos efetiva global (TAEG) é o instrumento mais útil para comparar diferentes propostas de crédito. É o único indicador que reflete todos os custos do crédito, incluindo juros, comissões e seguros, quando obrigatórios";
- "Analisar se as vendas cruzadas (seguros, cartões de crédito, aplicações financeiras) propostas pelo banco compensam ou se o custo desses produtos associados aumenta o encargo mensal. Isto face à proposta de crédito sem vendas cruzadas. Os consumidores devem sempre pedir uma simulação sem as vendas associadas incluídas, para que possam fazer as contas";
- "Fazer contas à taxa de esforço, ou seja, ao peso de todas as prestações de créditos no rendimento mensal liquido do agregado familiar. Esse peso não deve superior a 35% dos rendimentos";
- "Ponderar muito bem – e evitar até – a contratação de um crédito cujo prazo termine muito depois da idade da reforma, mesmo que a prestação, mais suave, seduza, visto que, nessa altura, haverá certamente uma diminuição dos rendimentos";
- "Num crédito com taxa variável, é crucial analisar não só a capacidade financeira atual como a futura, e confirmar se a capacidade de pagar a prestação se mantém, caso a Euribor suba um ou dois por cento".
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