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Ucrânia: Empresas do setor da defesa deverão beneficiar com tensões

Os últimos desenvolvimentos na tensão entre a Ucrânia e a Rússia deverão levar a uma maior volatilidade nos mercados financeiros nos próximos dias, segundo os analistas ouvidos pela Lusa, que apontam para ganhos de empresas no setor da defesa.

Ucrânia: Empresas do setor da defesa deverão beneficiar com tensões
Notícias ao Minuto

15:43 - 23/02/22 por Lusa

Economia Analistas

"As notícias sobre as tensões no leste da Europa continuam a estar no topo da agenda dos investidores e os novos desenvolvimentos poderão provocar novamente volatilidade nos índices bolsistas se as atuais tensões se agravarem", disse à Lusa Henrique Tomé, analista da corretora XTB, sublinhando que os mercados não gostam de períodos de incertezas, pelo que os ativos de risco deverão permanecer pressionados.

A opinião é partilhada por Mário Martins, membro do Conselho de Administração da corretora ActivTrades CCTVM, que salienta que os mercados financeiros deverão manter a volatilidade em alta nos próximos dias.

"Já o sentido é para já uma incógnita, pois qualquer notícia positiva pode abrir caminho a uma recuperação de alívio", acrescenta.

Mário Martins antecipa que, embora a generalidade das praças financeiras possam sentir pressão negativa caso a situação se deteriore, a bolsa russa deverá ser a mais afetada.

Henrique Tomé recorda que o índice russo "já desvalorizou mais de 20% só este ano".

No que toca a setores, Mário Martins antecipa que as energéticas "poderão ter oscilações mais expressivas consoante o desfecho, dado que o preço do petróleo deverá também oscilar substancialmente, haja paz ou uma incursão militar da Rússia", referindo que "o setor das empresas ligadas à segurança também poderá ter procura acrescida".

Na mesma linha, Henrique Tomé assinala que, "apesar das recentes quedas, existem setores que têm beneficiado com as atuais circunstâncias, como o setor da energia ('oil and gas'), setor financeiro e empresas que estão inseridas no setor da defesa".

"Espera-se que as atuais tensões comecem a diminuir a médio prazo, dado que as atuais preocupações continuam viradas para as políticas monetárias mais restritivas, bem como as questões sobre a inflação, uma vez que permanece elevada", argumenta.

Também Mário Martins antecipa que, "a menos que ocorra um agudizar da situação, como uma invasão de tropas russas em solo ucraniano, que levaria a uma correção significativa no curto prazo, o ruído do mercado deverá voltar a ser dominado pelo tema da inflação e dos próximos passos da Reserva Federal norte-americana".

O Presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu na segunda-feira as autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, no Donbass, e ordenou a mobilização do exército russo para "manutenção da paz" nestes territórios, o que levou a União Europeia e os Estados Unidos a anunciarem sanções à Rússia.

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