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Portugal e Reino Unido têm "convergência de interesses"

O diretor para o sul da Europa do Department for International Trade (DIT) considera haver "convergência de interesses" entre Portugal e o Reino Unido, adiantando que as empresas portuguesas esperam um crescimento dos negócios naquele mercado.

Portugal e Reino Unido têm "convergência de interesses"
Notícias ao Minuto

08:31 - 10/03/22 por Lusa

Economia DIT

O DIT é uma organização governamental do Reino Unido responsável por promover a expansão internacional das empresas britânicas e atrair investimento estrangeiro para o país, ou seja, o equivalente à AICEP.

"Há uma convergência de interesses e de potencial de parte a parte", afirma João Sebastião, salientando que a relação entre Portugal e o Reino Unido "dura há séculos e irá sempre continuar".

De acordo com um estudo da embaixada britânica, que será divulgado em breve, "45% das empresas portuguesas esperam que o negócio com o Reino Unido cresça nos próximos cinco anos".

Portugal investiu cerca de 677,1 milhões de euros nos últimos três anos no Reino Unido, enquanto Londres soma um investimento global em Lisboa de 1,5 mil milhões de euros.

"Somos um país que temos um conjunto de interesses comuns, o facto de sermos nações atlânticas, as relações históricas", prossegue, apontando que até no plano de investimentos públicos britânico Build Back Better, de cerca de 600 mil milhões de libras (cerca de 786,6 mil milhões de euros, à taxa de câmbio atual) existem semelhanças com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) português.

"Se olharmos para o nosso PRR estão lá todas, as renováveis, a tecnologia, a inovação, a sustentabilidade", são "quatro pilares que nos unem e isso nota-se muito quando olhamos para o tecido empresarial de parte a parte e há, de facto, aqui uma confluência", salienta.

"Acho que a nossa relação bilateral é uma relação forte, histórica, estável e que tem um conjunto de vasos comunicantes muito objetivos, muito comuns que nos permitem facilmente agilizar a relação comercial", sublinha.

Questionado se as empresas portuguesas sentiram dificuldades com o Brexit, João Sebastião afirma: "É óbvio que sim".

Tratou-se de "uma tempestade perfeita", o Brexit e a pandemia impactaram "globalmente", mas neste momento, em 2022, as relações estão "a normalizar, são esses os dados que nós temos" e é "claramente" biunívoco [entre Portugal e o Reino Unido], diz.

Atualmente, "quando olhamos para as últimas estatísticas percebemos que já estamos no momento ascendente outra vez", aponta o responsável.

"Houve, claramente, um período de maior ajustamento, com dificuldades próprias, no meio de uma pandemia", mas hoje as empresas portuguesas que pretendem internacionalizar os seus negócios continuam a ter o Reino Unido no "topo das preferências", não só pelo seu ecossistema económico, como também pela sua capacidade de atração de empresas por via da sua dimensão do mercado, dinamismo da tecnologia, inovação, por ser "o principal país da Europa com angariação de unicórnios", entre outros, acrescenta.

"Em termos de atratividade diria que o Reino Unido está cada vez mais considerado como um destino prioritário, independentemente de qualquer situação marginal que possa afetar a relação. Isto é válido para nós, em Portugal - sou diretor de Portugal, coordeno região do Sul: mercado português, francês, italiano, espanhol, grego, cipriota e israelita", mas também para estes mercados.

"Alicerçado nisto, o Governo britânico, além desta estatégia de projeto de investimento público de Build Back Better, tem um conjunto de outros projetos para dinamizar a sua economia e, sobretudo, na componente da modernização de infraestruturas, o que é muito apelativo para empresas tecnológicas", aponta.

"Há aqui derivadas que acabam por ser aliciantes, por exemplo, o facto de Portugal ter neste momento um envelope financeiro extremamente aliciante e termos um conjunto de projetos estruturantes em áreas como as infraestruturas, o novo aeroporto, um potencial de linhas de caminho-de-ferro, telecomunicações, o 5G, são obviamente projetos muito aliciantes para a empresas britânicas poderem vender os seus serviços em Portugal", considera.

"E o mesmo se aplica em sentido inverso, [o plano de investimento público britânico] é válido para as empresas portuguesas" e "não podemos esquecer que cerca de metade das exportações britânicas são para a Europa" e que o maior investimento estrangeiro no Reino Unido é da Europa.

Realiza-se hoje a 12.ª edição dos Business Awards, através da qual o Governo britânico premeia empresas portuguesas e investimento britânico em Portugal.

A cerimónia de entrega dos prémios conta com a presença do comissário para o Comércio na Europa, Chris Barton, que fará a entrega dos prémios em representação do Governo britânico em conjunto com o embaixador britânico em Portugal, Christopher Sainty.

Leia Também: Embaixada da Rússia em Portugal: "A Rússia não começa guerras – acaba-as"

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