Corte aos produtos russos mostra impacto do fecho da refinaria de Leça
A Comissão Central de Trabalhadores (CCT) da Petrogal considerou hoje que o corte à importação de produtos petrolíferos russos pela Galp, devido à guerra na Ucrânia, demonstra o "impacto negativo" do encerramento da refinaria de Matosinhos, segundo um comunicado.
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Economia Petrogal
"O anúncio feito pela administração em cortar a importação de produtos petrolíferos russos (posição sem unanimidade na comunidade de países que condenam a guerra) destapa ainda mais o impacto negativo do encerramento da refinaria do Porto para o país e para os trabalhadores, com a bênção do Governo", refere a CCT da Petrogal num comunicado.
Num texto em que voltam a apelar à reabertura do complexo industrial da Galp em Leça da Palmeira (Matosinhos, distrito do Porto), os trabalhadores consideram que a "importação de gasóleo de vácuo russo" é mais um argumento "para demonstrar que o encerramento da refinaria do Porto foi uma decisão errada".
"A posição que a administração assumiu de cortar a compra de produtos petrolíferos russos pode implicar impactos negativos na refinaria de Sines [distrito de Setúbal] com restrições operacionais, como acontece neste momento", alegam os trabalhadores.
A CCT da Petrogal refere que em 2013 a refinaria de Matosinhos recebeu "uma nova unidade para produzir gasóleo de vácuo, interligando as duas refinarias nacionais por um designado 'pipeline flutuante', onde circulou esse e outros produtos transportados por navio".
"O encerramento da refinaria do Porto deixou o país mais dependente, com aumento das importações", referindo a comissão de trabalhadores a existência de um milhão de toneladas de gasóleo de vácuo importado que anteriormente eram "produzidos naquela refinaria e transferidos para Sines".
Depois, passaram a ser "importados da Rússia e de outros países", segundo esta estrutura representativa dos trabalhadores da Petrogal, que considera que foram tomadas "duas decisões precipitadas" pela administração da Galp, "assumidas pela presidente e alinhadas com os centros de decisão do capitalismo mundial".
"Os prejuízos causados pela decisão são largamente compensados pelos proveitos gerados na exploração petrolífera, beneficiando do aumento exponencial do preço do crude, como resultado não da guerra, mas de toda a especulação bolsista", considera a CCT.
A comissão aponta ainda que "o grupo Amorim [maior acionista da Galp] fechou uma refinaria para fazer um megaempreendimento imobiliário", e classifica de "papel inenarrável" o de vários protagonistas políticos, como o do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do primeiro-ministro, António Costa, ou da presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro no processo.
"Foram os trabalhadores que assumiram a defesa da refinaria do Porto e do país", considera a CCT da Petrogal.
No dia 16 de fevereiro, a Galp, a Câmara de Matosinhos e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) anunciaram que a antiga refinaria de Matosinhos vai dar lugar a uma cidade da inovação ligada às "energias do futuro".
Segundo o protocolo assinado entre as três entidades, a cidade da inovação poderá gerar 20 a 25 mil empregos diretos e indiretos em 10 anos, estando ainda prevista a colaboração da Universidade do Porto no projeto.
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