"Portugal pode contribuir como solução alternativa, que resolva o problema de abastecimento da Europa", afirmou José Luís Cacho, que falava aos jornalistas, à margem da assinatura do protocolo entre a APP e a Agência Nacional de Transportes Aquaviários do Brasil (ANTAQ), em Lisboa.
Conforme apontou, os portos nacionais têm capacidade de expansão, de modo a poderem receber mais gás.
Por exemplo, em Sines existe a possibilidade de descarregar dois navios em simultâneo.
José Luís Cacho referiu que, atualmente, não existe nenhuma regra que impeça os navios de entrar em Portugal e descarregar gás russo, contudo ressalvou só ter conhecimento de duas embarcações que vão fazer essa operação, a curto prazo.
"As empresas que importam gás já demonstraram vontade de não comprar mais gás à Rússia", apontou, precisando que esta proveniência tem uma quota de mercado que ronda os 10%.
Neste sentido, o mercado nacional não terá qualquer problema caso venha a ser aplicada uma restrição de abastecimento de gás russo, garantiu.
Na terça-feira, a Comissão Europeia propôs a eliminação progressiva da dependência de combustíveis fósseis da Rússia antes de 2030, com aposta no GNL e nas energias renováveis, estimando reduzir, até final do ano, dois terços de importações de gás russo.
"A Comissão Europeia propôs hoje [terça-feira] um esboço de um plano para tornar a Europa independente dos combustíveis fósseis russos muito antes de 2030, a começar pelo gás, à luz da invasão russa da Ucrânia", anunciou, na altura, a instituição em informação à imprensa.
Apontando que "a Europa tem vindo a enfrentar o aumento dos preços da energia há vários meses, mas agora a incerteza no fornecimento está a exacerbar o problema", devido às tensões geopolíticas, Bruxelas avançou com a iniciativa "REPowerEU", visando então "diversificar o fornecimento de gás, acelerar a utilização de gases renováveis e substituir o gás no aquecimento e na produção de energia".
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 516 mortos e mais de 900 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de 2,1 milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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