O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, assegurou que não há necessidade de correr para os supermercados, no seguimento da guerra na Ucrânia, uma vez que o abastecimento de bens está assegurado. Contudo, há marcas em Portugal que estão já a limitar a venda do óleo de girassol. A que se deve esta a procura?
"Não vale a pena fazer como se fez na Covid e ir a correr esgotar o papel higiénico ou agora o óleo de girassol, porque como ouvimos nestes dias os representantes do retalho alimentar não há faltas nem agora nem se prevê que venham a ocorrer nos próximos meses", disse o ministro da Economia, na segunda-feira, durante a conferência de imprensa em que foram apresentadas medidas de apoio às empresas e setores mais afetados pela subida de custos resultante do conflito na Ucrânia.
O Notícias ao Minuto sabe que há supermercados em território nacional que já estão a limitar a venda do óleo de girassol. É o exemplo do Continente, no centro comercial Colombo, onde a venda deste produto é já limitada. O Notícias ao Minuto questionou fonte da Sonae no sentido de perceber se este racionamento se deve, efetivamente, ao aumento da procura por parte dos clientes ou à perspetiva de escassez do produto, mas até ao momento não foi possível obter uma resposta.
No supermercado online da marca do grupo Sonae pode ler-se que "devido à elevada procura, limitamos a venda do óleo alimentar a seis litros por cliente".
Este limite, aliás, começou por ser verificado em Espanha na cadeia de supermercados Mercadona, onde foi imposto o máximo de cinco litros por cliente. Na terça-feira, durante a apresentação de resultados, o presidente da Mercadona, Juan Roig, garantiu que "não haverá falta de produtos" na cadeia agroalimentar espanhola e portuguesa e pediu aos clientes para não açambarcar, para que não haja "escassez ocasional" de produtos tais como óleo de girassol, azeite ou farinha.
A que se deve a corrida ao óleo de girassol?
De acordo com o portal de estatísticas Statista, em 2020/21, a Ucrânia foi o principal país exportador de óleo de girassol, com um volume de exportação que acendeu a cerca de 5,27 milhões de toneladas.
Nesta senda e como consequência da guerra nesse mesmo país, muitos países veem agora o seu "cesto de pão" a ser bombardeado, conforme descreveu o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, na terça-feira.
"A Rússia e a Ucrânia representam mais da metade da oferta mundial de óleo de girassol e cerca de 30% do trigo do mundo. A Ucrânia sozinha fornece mais da metade do suprimento de trigo do Programa Mundial de Alimentos", afirmou Guterres.
Aprovisionamento de bens assegurado até junho, mas preços vão subir
Apesar de não existirem dificuldades no abastecimento de bens essenciais importados e estando assegurados aprovisionamentos até junho, o ministro da Economia afirmou, contudo, que será "inevitável" um aumento de preços.
O Governo está a fazer uma monitorização do aprovisionamento e do nível de stocks de cereais para alimentação humana e animal e estão também a ser tomadas medidas para diversificação de fornecedores de cereais, além do acompanhamento da disponibilidade de produtos energéticos no país.
Que preços vão aumentar?
Assegurando que "os bens essenciais vão continuar a chegar a Portugal", Pedro Siza Vieira referiu também que os bens vão ficar mais caros e que, apesar das medidas de apoio às empresas mais impactadas pela subida de custos, "haverá um aumento inevitável os custos para os consumidores".
"É inevitável um aumento dos preços que os senhores empresários praticam nos produtos que vendem", disse, ainda que nem sempre seja possível fazer esse ajustamento de preço pelo mercado, o que exige medidas para proteger a capacidade produtiva e o emprego.
Questionado sobre que tipo de bens essenciais estão em causa, os ministros apontaram os cereais, nomeadamente os destinados à alimentação animal e o trigo para alimentação humana, e as oleaginosas.
"Temos os 'stocks' bem abastecidos e o que estamos a fazer é a procurar adquirir outros bens que não na Ucrânia", referiu Pedro Siza Vieira, dando como exemplo o primeiro navio com milho forrageiro oriundo dos Estados Unidos.
Perante este quadro, o ministro da Economia deixou uma palavra de tranquilização aos consumidores portugueses, acentuando que não se anteveem "nestes tempos próximos quaisquer dificuldades".
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