"Temos estado a assistir a um aumento na confiança na moeda, gerando consideráveis ganhos para o kwanza", disse o governador do banco central angolano em declarações à agência de informação financeira Bloomberg.
O comentário de Lima Massano surge na sequência de uma valorização de 20% do valor da moeda angolana face ao dólar desde o início do ano e numa altura em que ostenta o título da moeda que mais se valorizou nas últimas semanas, apesar de não ter ainda anulado as perdas dos últimos anos.
"O equilíbrio do kwanza foi reposto", disse Massano, referindo-se à diferença que existia entre a cotação do kwanza no mercado formal e no informal, com diferenças que podiam ir até 150%, mas que agora estão praticamente anuladas.
O kwanza está a ganhar valor devido à melhoria da previsão de evolução da economia de Angola, o segundo maior produtor de petróleo na África subsaariana, e à liberalização parcial da taxa de câmbio, argumentou o governador, referindo-se à medida tomada em 2018 e que, na prática, desindexou o kwanza ao dólar, o que causou uma depreciação de "mais de 80%".
A medida, disse Massano, era necessária para eliminar "grandes disfuncionalidades e desequilíbrios no mercado cambial angolano".
De acordo com o governador, esse desequilíbrio está agora ultrapassado, com o kwanza a transacionar-se face ao dólar nos 510 por dólar no mercado informal, tendo uma taxa de câmbio oficial de 470.
"As reservas internacionais são sólidas, cobrindo cerca de 11 meses de importações, e balança de pagamentos mostra excedentes e estamos a começar a ver uma redução gradual na taxa mensal da inflação", disse o governador, referindo-se à primeira quebra na taxa de crescimento homóloga dos preços em fevereiro, que pararam de crescer pela primeira vez desde março de 2021, estando, ainda assim, com uma subida acima de 27%.
A economia de Angola deverá já ter saído da recessão de cinco anos em 2021 e deverá crescer quase 3% este ano, de acordo com a previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI).
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