"As pressões inflacionistas globais intensificaram-se severamente após a invasão da Ucrânia pela Rússia" e vão repercutir-se nas famílias britânicas em outubro com um aumento dos preços regulados da eletricidade, empurrando a inflação para 10% no quarto trimestre, disse o banco central num comunicado.

Na sequência do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, o BoE afirmou hoje que se espera que os preços da energia tenham um efeito duradouro, aumentando o desemprego no país e contribuindo para enfraquecer o crescimento da economia britânica em 2023.

O aumento de hoje foi o quarto consecutivo que os membros do comité de política monetária do banco central adotaram para controlar a inflação, que em março passado se situava em 7%, o nível mais elevado em 30 anos.

O BoE advertiu que espera que o Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido se contraia no quarto trimestre, antecipando uma diminuição da economia de 0,25% em 2023.

O último relatório divulgado hoje pelo comité de política monetária afirma que "as pressões inflacionistas globais se intensificaram fortemente na sequência da invasão russa da Ucrânia" e acrescenta que se espera um abrandamento acentuado do crescimento económico no final deste ano.

"Isto resultou numa deterioração material das perspetivas de crescimento mundial e do PIB do Reino Unido", acrescenta.

"Espera-se que o Índice de Preços no Consumidor [IPC] aumente ainda mais durante o resto do ano, para mais de 9% no segundo trimestre de 2022 e uma média ligeiramente superior a 10% no seu pico no quarto trimestre de 2022", prevê o BoE.

O relatório acrescenta que o esperado aumento do índice de preços no consumidor "reflete também os preços mais elevados dos alimentos, bens essenciais e serviços".

O governador do Banco de Inglaterra, Andrew Bailey, avisou recentemente que o banco está "a caminhar uma linha ténue" entre os objetivos de travar a inflação e evitar uma recessão.

A subida da taxa vem depois de a Reserva Federal dos EUA (Fed) ter anunciado na quarta-feira uma subida de meio ponto nas taxas de juro, o maior aumento em mais de duas décadas, e ter antecipado novos aumentos deste calibre para combater a inflação.

Com este aumento - que é o dobro do aumento realizado em março - e após dois anos perto de 0 para aliviar o impacto da pandemia da covid-19 na economia, a taxa de juro oficial da maior economia do mundo situa-se agora num intervalo entre 0,75% e 1%.

A próxima reunião de política monetária do BoE realiza-se em 16 de junho.

[Notícia atualizada às 13h38]

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