"De tarde mantém-se também em termos de participação, de adesão à greve da parte operacional, em 90% ou mais. Era o que nós esperávamos", disse em declarações à Lusa, Orlando Gonçalves do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP).
De acordo com o sindicalista, a adesão era a "espectável", depois de no período da manhã já ter rondado mais de 90%, dado que "há um grande descontentamento por parte dos trabalhadores face à proposta" da empresa de aumentos salariais.
Orlando Gonçalves reconheceu que o descontentamento é ainda mais manifestado pelo facto de a empresa ter chegado na quinta-feira a acordo com outro sindicato - o Sindicato dos Trabalhadores e Técnicos de Serviços, Comércio, Restauração e Turismo (SITESE) -- para um aumento de 25 euros.
A parte operacional dos trabalhadores da EMEL diz respeito à fiscalização, reboques e coleta, "a parte que anda na rua" e que hoje "na cidade foi muito pouca", de acordo com o sindicalista,
Os trabalhadores da EMEL estão hoje em greve, por 24 horas, devido à falta de resposta por parte da empresa e da Câmara Municipal de Lisboa (única acionista) quanto aos aumentos salariais.
"Até agora, a empresa apresentou-nos uma proposta de aumento de salário de 20 euros [em resposta] a uma proposta de 90 euros, sendo que começou com 10 [euros], continuando-se a escudar num conjunto de dificuldades que não existem", explicou Ana Pires, também do CESP, em declarações à Lusa na parte da manhã.
Segundo a sindicalista, os resultados apresentados ao longo dos anos pela empresa, que são públicos, podem ser "considerados milionários" e têm "trazido um encaixe financeiro à Câmara Municipal, sua única acionista e proprietária, de grande monta, mas há sempre dificuldades quando chega ao momento de valorizar os trabalhadores".
"Dizem que estão esgotados na mesa de negociações, mas apresentam um plano de atividades e orçamento que diz que já ultrapassaram os níveis de 2019, portanto, todos os problemas conjunturais da pandemia [de covid-19] desapareceram e os níveis já estão a superar os de 2019", salientou a representante.
De acordo com Ana Pires, os aumentos dos salários tornaram-se "uma emergência nacional", sendo "justos e necessários".
"Aqui os trabalhadores estão a dizer isso tudo - é possível. Sentem-se enganados com este posicionamento da empresa e da Câmara Municipal de Lisboa", disse, salientando que, mesmo com todos os alertas que têm vindo a entregar, a posição da autarquia "ou é de silenciar ou de apoiar a administração".
Além de aumentos salariais, os trabalhadores da EMEL reivindicam a atribuição de diuturnidades no valor de 40 euros, o aumento do subsídio de penosidade no valor de 80 euros, o aumento do subsídio de refeição no valor de 8,5 euros e ainda um aumento do subsídio de turno.
Os trabalhadores reivindicam, por outro lado, 25 dias úteis de férias e dispensa no dia de aniversário.
Durante a manhã, o vereador da CDU na Câmara de Lisboa João Ferreira esteve no piquete de greve, junto ao Marquês de Pombal, num ato de apoio e deixando "palavras de solidariedade e saudação pelo êxito da luta, tendo em conta a adesão" dos trabalhadores.
"Esta greve não devia ser feita, tratando-se de uma das empresas mais lucráveis para a Câmara Municipal", salientou João Ferreira.
A EMEL e o Sindicato dos Trabalhadores e Técnicos de Serviços, Comércio, Restauração e Turismo (SITESE) chegaram a acordo para um aumento salarial de 25 euros para todos os trabalhadores, anunciou a empresa municipal, na quinta-feira, em comunicado.
No entanto, o CESP manteve a paralisação de hoje, uma vez que não chegou a qualquer acordo.
Entre o acordado entre a EMEL e o SITESE está a "atualização de todos os níveis salariais constantes da tabela salarial em 25 euros, que representa um aumento médio de 2,48%", referiu a empresa.
A Lusa tentou uma resposta da EMEL sobre os dados da greve, mas não obteve resposta até ao momento.
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