Num 'briefing' com a imprensa hoje, a propósito das conclusões sobre a avaliação anual da instituição a Portugal, Rupa Duttagupta, líder da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI), quando questionada sobre se o executivo português deveria avançar já com a subida dos salários com base na inflação esperada deste ano, disse estar em linha com a postura adotada pelo Governo.
"Nós acreditamos na atual visão do Governo, porque isto é uma questão temporária, de que os salários não precisam de ser ajustados. Concordamos com isso", disse.
Ainda que admitindo que a perspetiva de inflação do FMI para Portugal foi revista em alta para 6% este ano, Rupa Duttagupta mostrou-se convicta, com base nas projeções do Global World Economic Outlook (WEO) para os preços das 'commodities', que grande parte da subida da inflação é sustentada por fatores globais, que devem começar a recuar no segundo semestre do ano.
"Portanto, esperamos que a inflação comece a recuar", vincou.
Ainda assim, a responsável pela missão do FMI a Portugal considerou que uma questão mais ampla é que Portugal tenha padrões de vida "mais fortes ou melhores".
"Uma grande prioridade é melhorar a competitividade dos trabalhadores, a empregabilidade e as condições de emprego. E, para isso, penso que as várias reformas que são direcionadas para aumentar o nível de qualificação, tanto nas habilidades profissionais, como também na digitalização da educação, naturalmente, aumentariam tanto a competitividade quanto os salários de forma mais durável no médio prazo", justificou.
O FMI divulgou hoje as conclusões da avaliação anual a Portugal (Article IV), no qual melhorou a perspetiva de crescimento do PIB português para 4,5% este ano e agravou a da inflação para 6%.
A equipa do FMI manteve contactos com as autoridades portuguesas durante os dias 21 de outubro a 04 de novembro de 2021 (virtualmente) e de 09 a 13 de maio de 2022 (presencialmente).
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