Lucros do BCP quase duplicaram para 112,9 milhões no 1.º trimestre
O banco BCP teve lucros de 112,9 milhões de euros no primeiro trimestre, mais 95,2% face ao mesmo período do ano passado, divulgou hoje em comunicado ao mercado.
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Economia BCP
Segundo o banco, os lucros foram negativamente influenciados pelos encargos com os créditos em francos suíços da operação na Polónia (Bank Millennium), referindo que sem esses custos o resultado líquido teria sido de 174,6 milhões de euros entre janeiro e março.
Apenas em Portugal, o BCP obteve lucros de 107,6 milhões de euros, mais 29% face ao primeiro trimestre de 2021.
A operação na Polónia teve prejuízo de 26,4 milhões de euros (melhor do que os prejuízos de 67,2 milhões de euros no primeiro trimestre de 2021) e em Moçambique obteve lucros de 24,3 milhões de euros (acima dos 17,9 milhões de euros de período homólogo). As outras operações internacionais deram lucro de 900 mil euros (melhor do que prejuízos de 4,5 milhões de euros de período homólogo).
Em termos consolidados, no primeiro trimestre, a margem financeira cresceu 24,1% para 465,1 milhões de euros e as comissões subiram 12,7% para 192,8 milhões de euros.
Os custos operacionais avançaram 1,1% para 255 milhões de euros, o que o banco relaciona com a inflação dos outros países em que está presente (além de Portugal). O presidente executivo do BCP, Miguel Maya, explicou na conferência de imprensa que, na Polónia, são ainda elevados os custos com advogados por causa do processo relativo créditos em francos suíços. Já em Portugal os custos caíram 5% para 143,2 milhões de euros devido sobretudo ao processo de reestruturação em que saíram centenas de trabalhadores.
As imparidades e outras provisões subiram 4,6% para 254 milhões de euros, sendo que dessas 97,4 milhões de euros são para riscos legais dos créditos em francos suíços concedidos na operação da Polónia (-13,7% em termos homólogos).
Nos últimos anos o BCP tem vindo a constituir importantes provisões para eventuais perdas com os processos legais referentes aos créditos em francos suíços que o banco da Polónia comercializou até 2008. Em causa estão pedidos de nulidade feitos por cidadãos polacos aos tribunais na Polónia e que chegou ao Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) TJUE, nomeadamente créditos à habitação, que levaram a que as dívidas das famílias aumentassem aquando da valorização do franco suíço face à moeda local (zloty). O tribunal europeu considerou existirem "cláusulas abusivas" nos empréstimos feitos na Polónia em francos suíços, incluindo pelo BCP, admitindo a possibilidade de serem anulados à luz da lei europeia.
Segundo o BCP, o crédito hipotecário em francos suíços representa atualmente 10,7% do crédito a clientes na Polónia (um valor que tem vindo a baixar, em 2008 era 54,6% e em 2021 11,4%) e as provisões acumuladas para riscos legais com estes créditos somavam em março 741,5 milhões de euros. Quanto a processos individuais em tribunal, no primeiro trimestre eram 12.528.
O Bank Millennium tem vindo a fazer acordos extrajudiciais com clientes a propósito dos créditos em francos suíços, para reduzir os riscos deste processo, tendo feito 2.281 acordos no primeiro trimestre com um custo de 26,8 milhões de euros.
Ainda quanto às contas do BCP, entre janeiro e março, no balanço consolidado o crédito (bruto) subiu 4,7% para 58.473 milhões de euros, sendo que em Portugal aumentou 4,3% para 40.318 mil milhões de euros. O malparado era de 2% em março, abaixo dos 2,8% de março de 2021. Já depósitos e outros recursos de clientes subiram 11% para 71.944 milhões de euros.
Quanto a indicadores de solvabilidade, o rácio de capital CET 1 era em março de 11,5% (abaixo dos 12,2% de março de 2021).
Questionado sobre o pedido feito às autoridades para aplicação de uma contabilização diferente do risco cambial, que faria com que os rácios de capital subissem, Miguel Maya disse estar confiante de que possa ser aplicada e que se assim for o BCP fica mais alinhado com os critérios aplicados a outros bancos europeus com quem concorre.
Em março, o BCP tinha 6.264 empregados em Portugal, menos 740 funcionários do que em março de 2021, num processo que envolveu sobretudo saídas por acordo (reformas e rescisões por mútuo acordo) mas também o despedimento coletivo de 23 trabalhadores (que não aceitaram sair por acordo).
Para este ano, Miguel Maya disse que o banco não vai "repetir qualquer processo de despedimento coletivo" mas que continuará a haver saídas por acordo, sem as quantificar. Além disso, afirmou, neste momento a preocupação do banco é em recrutar pessoas (de alguns perfis, mais ligados a tecnologia e análise de dados) para a "transformação do banco", sendo que a "concorrência é muito forte e o sistema de ensino não dá resposta para a procura".
Quanto à rede comercial, em março, o BCP tinha 421 agências em Portugal, menos 55 do que há um ano.
[Notícia atualizada às 21h09]
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