ADENE realça "potencial grande" de África ser alternativa ao gás russo
A Agência Portuguesa da Energia (ADENE) considera que África tem um "potencial grande" de ser uma alternativa para a Europa à energia fornecida pela Rússia, como do gás, em altura de guerra na Ucrânia e de problemas no abastecimento.
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Economia Energia
Na realidade, África vai apresentar-se como uma alternativa àquilo que é [...] o fornecimento de gás no curto prazo", em detrimento da Rússia, afirma o presidente da ADENE, Nelson Lage, em entrevista à Lusa em Bruxelas, numa altura em que a agência portuguesa preside à Rede Europeia de Energia (EnR), composta por 24 agências do espaço europeu.
No dia em que esta rede voluntária de agências europeias de energia promove na capital belga uma mesa redonda de alto nível de decisores políticos UE-África sobre transição energética, o responsável salienta à Lusa que alguns países africanos podem assim ser "uma alternativa à produção do gás russo" para a Europa, esperando que haja hoje um "posicionamento mais bem definido" sobre quais poderiam assumir este papel.
"Aqui vamos ter que averiguar realmente qual vai ser o posicionamento que os ministros [dos países presentes na ocasião] irão tomar neste encontro e, daí, vamos certamente perceber de onde é que poderá vir o potencial em termos de fornecimento de gás alternativo", mas "existe um potencial grande em África, isso é mais do que óbvio", acrescenta o presidente da ADENE.
Outro contributo dos países africanos, na visão de Nelson Lage, é o de permitir à Europa "olhar seriamente no curto prazo para a questão da segurança energética", possibilitando então diversificar as fontes de abastecimento, numa altura em que o espaço europeu ainda é bastante dependente da energia russa, nomeadamente dos combustíveis fósseis, e em que se registam sérios problemas no abastecimento e um elevado aumento dos preços.
De acordo com o responsável, é ainda, "mais do que nunca, urgente unir forças e tornar a União Europeia e as zonas do continente africano livres dos combustíveis fósseis da Rússia".
"E este objetivo só pode ser alcançado trabalhando em conjunto na defesa de uma energia limpa, fiável e mais barata", adianta.
A Mesa-Redonda conjunta da EnR e Comissão Europeia, hoje realizada em Bruxelas, vai juntar representantes políticos de alto nível da União Europeia, África, Agência Internacional de Energia, Agência Internacional para as Energias Renováveis, bem como do setor empresarial e financeiro, para discutir a transição energética no continente africano, que foi afetada pelas consequências da covid-19 nos investimentos públicos e agora pela guerra da Ucrânia, com o aumento dos preços dos combustíveis fósseis.
A ADENE é uma agência pública, sob a tutela do secretário de Estado do Ambiente e da Energia e do Ministério do Ambiente e da Ação Climática, para apoiar políticas públicas em Portugal no setor energético.
A EnR é uma rede voluntária com 24 agências de energia nacionais na Europa, responsáveis pelo planeamento, gestão ou revisão dos programas nacionais, que visa ainda apoiar a tomada de decisões políticas ao nível europeu. Desta rede fazia ainda parte a Rússia, que foi expulsa aquando da invasão da Ucrânia em fevereiro passado.
A posição surge numa altura de conflito na Ucrânia provocado pela invasão russa, tensões geopolíticas essas que têm vindo a pressionar o mercado energético europeu, já que a UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis variáveis entre os Estados-membros.
A Rússia é também responsável por cerca de 25% das importações de petróleo e 45% das importações de carvão da UE.
A Comissão Europeia tem vindo a defender a necessidade de garantir a independência energética da UE face a fornecedores não fiáveis e aos voláteis combustíveis fósseis.
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