"Estamos muito preocupados com isso", admitiu o diretor de Pescas e Aquicultura da FAO, Manuel Barange, durante a apresentação do relatório SOFIA 2022 da organização, na Conferência dos Oceanos da ONU que decorre em Lisboa.
Este aumento do preço do peixe não é "incomum", pois está a afetar todo o sistema alimentar, mas a FAO reconheceu que "pressiona os consumidores de todo o mundo".
"É muito importante para nós não só produzirmos de forma sustentável e equitativa, mas também de forma acessível", defendeu Manuel Barange, que lembrou que 3.000 milhões de pessoas, quase metade da população mundial, não podem pagar uma alimentação saudável.
Segundo o mesmo responsável, há evidências claras de que os alimentos aquáticos são uma parte importante de uma dieta saudável, razão pela qual se deve "garantir que a produção seja acessível a todos".
Para isso, é necessário desenvolver a aquicultura a um custo "mais baixo", com necessidades de produção "menos intensas", defendeu o responsável da FAO, descartando que o aumento de preços possa levar a mais sobrepesca ou pesca ilegal.
"Se a gestão é boa, não pressiona os recursos", considerou, dando exemplos como os Estados Unidos, com 92% das populações com gestão sustentável, e a Nova Zelândia e a Austrália, com 85% e 86% de igual gestão, respetivamente.
"Mesmo aqui, em Portugal e na costa norte de Espanha", 86% está sob gestão sustentável, acrescentou, insistindo na necessidade de "garantir "uma gestão sustentável dos recursos, segundo Manuel Barange.
O relatório SOFIA 2022, apresentado hoje, conclui que o crescimento da aquicultura levou a produção pesqueira e aquícola a recordes e é, portanto, cada vez mais decisivo para garantir a segurança alimentar e acabar com a fome no mundo.
O dia ficou também marcado por protestos de ONG e da sociedade civil para sensibilizar governos e agentes privados para a necessidade de medidas urgentes em defesa dos oceanos.
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