Em comunicado, a instituição diz que, em conjunto, "as duas instituições disponibilizarão um valor de 350 milhões de dólares [349,8 milhões de euros] para apoiar as transações comerciais", no continente.
"Espera-se que o acordo impulsione o comércio intra-africano, promova a integração regional e contribua para a redução do fosso do financiamento do comércio em África", refere o BAD no mesmo comunicado.
Através do acordo a que chegaram os dois bancos, o BAD "fornecerá liquidez até 50%" - e os restantes 50% serão complementados pelo Banco de Comércio e Desenvolvimento - aos bancos emissores, "numa base de partilha de risco para apoiar as atividades comerciais de empresas locais e PME nos países-membros do Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA)".
"Este é um esforço estratégico do Banco Africano de Desenvolvimento para apoiar a agenda da Área Continental de Comércio Livre em África de remodelação dos mercados e economias em toda a região, ajudando a impulsionar a produção nos setores dos serviços, comércio, manufatura e recursos naturais", sublinha aquela instituição na nota.
Criado em 1985, o Banco de Comércio e Desenvolvimento da África Oriental e Austral (TDB, na sigla em inglês) é uma instituição financeira de desenvolvimento multilateral, baseada em tratados, com 41 acionistas e ativos soberanos e institucionais no valor de 7,2 mil milhões de dólares.
O banco serve 22 economias da sua região, com o objetivo de financiar e fomentar o comércio, a integração económica regional e o desenvolvimento sustentável.
O banco integra o Grupo TDB, que também inclui o Fundo de Comércio e Desenvolvimento (TDF), o Fundo de Comércio da África Oriental e Austral (ESATF), o TDB Captive Insurance (TCI), e a Academia TDB.
Falando logo após a aprovação do acordo pelo conselho de administração do BAD, o diretor para o desenvolvimento do setor financeiro deste banco, Stefan Nalletamby, declarou: "Estamos entusiasmados com a finalização deste mecanismo com o TDB, que o ajudará a aumentar as suas ofertas de financiamento do comércio em toda a região do COMESA e ajudará a colmatar o fosso cada vez maior de financiamento do comércio".
"Especificamente, permitirá ao TDB desempenhar um papel significativo no fornecimento do financiamento necessário para a recuperação económica dos seus países-membros após a covid-19. Espera-se que esta parceria catalise mais de 2,1 mil milhões de dólares em valor de transações de financiamento comercial em múltiplos setores, tais como a agricultura, a manufatura e a energia, ao longo dos próximos três anos", acrescentou.
O BAD estima que o défice anual de financiamento do comércio para África seja de cerca de 81 mil milhões de dólares (80,9 mil milhões de euros).
Em comparação com as empresas multinacionais e as grandes empresas locais, as PME e outras empresas nacionais têm, assim, maior dificuldade em aceder ao financiamento do comércio.
Na nota de hoje do BAD, o diretor-geral da região da África Oriental do banco, Nwabufo Nnenna, também diz que a pandemia de covid-19 deu um contributo para que muitos bancos tenham reduzido ou simplesmente abandonado a sua atividade no continente africano, pelo que existe "uma necessidade urgente de financiamento".
"O advento da covid-19, aliado a requisitos regulamentares e de capital rigorosos e ao cumprimento da KYC [Know Your Client], feito muitos bancos globais reduzirem as suas relações bancárias correspondentes em África, enquanto alguns estão simplesmente a sair do mercado".
Assim, no entender daquele responsável "existe, por conseguinte, uma necessidade urgente de financiamento focalizado para revitalizar o comércio de África, particularmente em países de baixo rendimento e estados em transição, que requerem uma maior participação de instituições como o Banco Africano de Desenvolvimento".
O Grupo Banco Africano de Desenvolvimento é a principal instituição financeira de desenvolvimento em África. Inclui três entidades distintas: o Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB), o Fundo Africano de Desenvolvimento (ADF) e o Fundo Fiduciário da Nigéria (NTF). Presente no terreno em 41 países africanos, com uma representação externa no Japão, o banco contribui para o desenvolvimento económico e o progresso social dos seus 54 Estados-membros.
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