Costa Silva pede mais confiança nas empresas que enfrentam "hostilidade"
O ministro da Economia, António Costa Silva, defendeu hoje que deve haver mais confiança nas empresas, alertando para a "hostilidade" que enfrentam e defendendo que condicionar a sua atividade "traz sempre maus resultados".
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Economia Costa Silva
"Temos de confiar nas nossas empresas. O clima que existe no país, de hostilidade para as empresas, sobretudo contra as grandes empresas, é um clima absolutamente nocivo", disse Costa Silva na conferência "O Desafio da Produtividade na Economia Portuguesa", que decorre hoje no ISCTE -- Instituto Universitário de Lisboa.
O governante acrescentou que "a história do século XX prova, depois de todas as experiências que foram feitas, que o capitalismo é o sistema que gera riqueza, gera prosperidade", mas que os mercados têm de ser regulados.
No entanto, apontou que a aplicação de imposições ou condicionantes às empresas "traz sempre maus resultados".
"Tudo o resto -- impor às empresas, condicionar a sua atividade, refrear o seu desenvolvimento -- traz sempre maus resultados, e se nós conseguirmos libertar o potencial criativo que existe nas empresas, caminharemos em direção ao futuro", afirmou, na sessão de abertura da conferência organizada pelo Conselho Económico e Social e pelo Conselho para a Produtividade.
O ministro da Economia considera que, "no que concerne à produtividade, o país não consegue passar da cepa torta".
"Penso que não há muitas dúvidas sobre aquilo que se passa com a produtividade no país, e os números são incontornáveis. Em 2010, o PIB per capita, quando se comparava com a média europeia, era de cerca de 76%, dez anos depois desceu para 73%. Quando analisamos a produtividade no trabalho, o PIB por horas trabalhadas, em 2010 era de 63%, dez anos depois é de 60%", disse.
"Portanto, o grande desafio é por que é que, no que concerne a produtividade, o país não consegue passar da cepa torta", sublinhou.
De acordo com o ministro, há três "fatores que são cruciais" para o aumento da produtividade: a educação, a inovação e os investimentos.
Nestes campos, Costa Silva apontou algumas evoluções nos últimos anos, mas considera que é necessário um Estado "muito mais ágil".
"Precisamos de um Estado muito mais ágil, que saiba responder quando as empresas apresentam projetos, não ponha as empresas a dialogar com sete ou oito instituições diferentes ou a esperar sete ou oito anos por um processo de licenciamento. Isto não pode ser", vincou.
"Sei que isto incomoda muita gente, mas o país não vai melhorar se nós não tivermos o licenciamento mais simplificado, se não tratarmos das questões da fiscalidade, se não racionalizarmos a despesa corrente do Estado, se nós não transformarmos o Estado num parceiro de desenvolvimento económico no país, e isso penso que é absolutamente decisivo para o futuro", atirou o governante.
Costa Silva concluiu a sua intervenção destacando a importância das grandes empresas.
"Sou contra a síndrome do Portugal dos Pequeninos. Quando olho para o tecido empresarial português, quase 90% das nossas empresas são microempresas. Tenho muito respeito pelas microempresas, pelas pequenas empresas, mas se nós apostarmos só nas micro e pequenas empresas, o país não dará o salto que precisa. São as grandes empresas que agregam valor, que condicionam todas as cadeias de fornecimento, que arrastam a economia", afirmou, dias depois de ter defendido a redução sobre o IRC.
Depois de o ministro da Economia ter defendido, na quarta-feira, que uma redução do IRC transversal a todas as empresas seria "um sinal extremamente importante para toda a indústria" e "extremamente benéfico" face à atual crise, o ministro das Finanças, Fernando Medina, preferiu remeter uma posição para o final das negociações.
A redução de cada ponto percentual da taxa tem um impacto na receita de cerca de 100 milhões de euros.
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