Mário Centeno falava no encerramento da conferência "O impacto da nova ordem mundial na economia europeia", organizada pelo jornal Eco, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, quando salientou a necessidade de pensar em o que são as folgas orçamentais.
"O Estado, de forma exemplar, aqui e na Europa, deu a resposta que tinha de dar à crise de 2020, mas não podemos pedir sempre a mesma resposta perante as mesmas circunstâncias e temos de pensar no que fizemos antes da crise para podermos responder à crise", disse.
Em 2020, uma política orçamental expansionista foi adotada por diversos países, com pacotes de medidas para estimular a economia, incluindo Portugal, e sugerida pela maioria das instituições internacionais como resposta à crise provocada pela pandemia.
A poucos dias do Orçamento do Estado para 2023 (OE2023) e sem o referir diretamente, Mário Centeno deixou alertas para o futuro.
"A minha natureza de otimista é de que fizemos muito antes das crises, destas que estamos a viver hoje, para poderemos olhar para elas e dar uma resposta que tem de ser obviamente global e tem de ter este contexto", vincou, considerando necessário "cuidar" das capacidades que o Estado deve manter para dar essas respostas.
O responsável do banco central apontou ainda atualmente as famílias registam menor dívida do que em 2009, menos 31 p.p. no peso do PIB, salientando ser o único setor que do ponto de vista absoluto regista menos dívida.
No que toca à dívida pública, Mário Centeno salientou que Portugal é dos poucos países na zona euro que cai em estimativa entre 2019 e 2023, assinalando que o ritmo que esta redução se concretize no futuro próximo deveria ser compatível com aproximação de limiar de 100% no médio prazo.
Leia Também: PSD quer ouvir Centeno, banca e DECO sobre subida de créditos à habitação