Wall Street acaba mês e trimestre em nível baixo e a recear uma recessão
A bolsa nova-iorquina encerrou hoje em baixa, com os seus três principais índices no nível mais baixo do ano, em fecho de sessão, a acabar um mês marcado pelo receio de uma recessão provocada por um brutal endurecimento monetário.
© Reuters
Economia Wall Street
Os resultados definitivos da sessão indicam que o índice seletivo Dow Jones Industrial Average cedeu 1,70% e acabou no seu nível mais baixo desde o início de novembro de 2020, com 28.725,51 pontos.
Já o índice tecnológico recuou 1,51%, no que é o patamar mais baixo desde julho de 2020, para as 10.575,61 unidades, e o alargado S&P500 desvalorizou 1,48%, para as 3.585,62.
"Os meses de setembro são maus para as ações", recordou Christopher Vecchio, da DailyFX.
"A partir de meados de agosto, o movimento foi unidirecional, no sentido da baixa, com exceção de um sobressalto vindo de uma esperança de alteração da Fed" [Reserva Federal, o banco central dos EUA], mas que foi rapidamente abandonada, também lembrou Edward Moya, da Oanda.
A temperatura glacial que tem reinado nos mercados bolsistas desde há algumas semanas voltou a baixar hoje, com a publicação do índice de preços PCE, o mais seguido pela Fed.
Foi divulgado um valor de 0,3% em agosto, em termos mensais, acima dos 0,2% esperados pelos analistas. Em termos anuais, o crescimento de preços, medido por este índice, foi de 6,2%, mais do eu os 6,0% previstos, mas abaixo dos 6,4% registados no mês anterior.
"Este relatório fez-se eco do índice IPC", o relevante índice de preços no consumidor, publicado em meados de setembro, "e conforta a posição agressiva da Fed", estimou Sam Millette, da Commonwealth Financial Network.
Os rendimentos das obrigações subiram ligeiramente, o que foi mais uma razão para angustiar os investidores, que têm assistido á sua subida inexorável desde há semanas.
Assim, o rendimento da dívida pública federal a 10 anos passou para 3,81%, dos 3,78% da véspera.
Em todo o caso, os investidores relevaram as antecipações de inflação pelos consumidores, interrogados pela Universidade do Michigan, para o seu relatório mensal, que apontaram para uma descida.
A expectativa é agora de uma inflação anual inferior a 2,7% em um futuro situado entre cinco a dez anos, que é o valor mais baixo desde abril de 2021.
Matthew Martin, da Oxford Economics, reteve deste inquérito que "o pessimismo dos consumidores continua em um nível histórico" cato à trajetória da atividade económica a médio prazo.
Os investidores também destacaram a subida mensal do consumo nos EUA, de 0,4% absolutos em agosto, corrigido para 0,1%, depois de descontado o efeito da inflação, indicador este que saiu conforme o esperado.
Ao pessimismo ambiente e aos indicadores do dia acrescentou-se "o ruído suplementar" gerado pelas transações realizadas no último dia do mês e do trimestre, explicou Tom Hainlin, do US Bank Wealth Management.
Numerosos gestores de investimento e investidores institucionais ajustaram as suas carteiras, em movimento que, por junto, foi desfavorável às ações.
"O problema hoje é que a Fed não parece ir parar tão depressa e todos os outros riscos estão a concretizar-se", apontou Christopher Vecchio, referindo-se à intervenção do Banco de Inglaterra, na quarta-feira, para procurar estabilizar o mercado obrigacionista britânico.
Desde logo, "os investidores vão provavelmente sentir-se mal por possuírem ativos de risco ou com maturidade longa, em um futuro próximo", anteviu este analista.
Leia Também: Wall Street segue em terreno misto após dados sobre inflação
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com