A primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, anunciou na sessão do Governo na Assembleia Nacional que o "pessoal indispensável para o funcionamento" das refinarias da ExxonMobil vai ser obrigado a trabalhar, depois de na segunda-feira, ter sido assinado um acordo entre a direção e diversos sindicatos.
Embora os sindicatos signatários sejam representativos em termos maioritários, o acordo não recebeu o apoio dos trabalhadores, que votaram pela continuidade da greve seguindo os apelos da Confederação Geral do Trabalho (CGT) e da Fuerza Obrera (FO).
Estas duas refinarias estão a exigir um aumento salarial de 7,5% para recuperar o poder de compra perdido devido à inflação em 2022 e um prémio de 6.000 euros por funcionário por conta dos benefícios excecionais obtidos pela gigante mundial do petróleo (17.900 milhões de dólares apenas no segundo trimestre).
Para a primeira-ministra, "é preciso saber acabar com uma greve", pelo que a reabertura administrativa é legitimada porque "um desacordo salarial não justifica o bloqueio do país".
O executivo optou por tratar de forma diferenciada a situação das refinarias da ExxonMobil, em Notre Dame de Gravenchon (noroeste) e Fos sur Mer (sudeste), das três TotalEnergies que também estão paradas.
Neste segundo caso, a TotalEnergies reiterou esta segunda-feira que está aberta para abordar as negociações salariais a partir deste mês de outubro, quando estavam marcadas para novembro, mas assim que terminarem as greves.
Entretanto, a greve dos trabalhadores das refinarias francesas está a alastrar e já atinge seis das sete existentes no país, depois da de Dongues (TotalEnergies), perto do porto de Saint-Nazaire, ter entrado esta terça-feira.
Segundo a imprensa francesa, esta refinaria vai entrar em greve a partir das 5:00 desta quarta-feira, estando os seus colaboradores insatisfeitos com a abertura forçada de duas refinarias (uma da TotalEnergies e outra da ExxonMobil) decretada esta terça-feira pelo Governo francês.
Segundo os últimos dados do Executivo, quase 30% dos postos de gasolina estão sem abastecimento em França.
As duas regiões mais afetadas são Paris -a mais populosa da França-, com 44% das estações fechadas, e Hauts de France (44,8%).
A CGT exige do grupo francês, que obteve 10.600 milhões de dólares em lucros no primeiro semestre, um aumento salarial de 10%. Desses, 7% para compensar o efeito da inflação e um adicional de 3% para a redistribuição de benefícios.
Élisabeth Borne reconheceu que a situação de abastecimento nos postos de gasolina "é difícil", com 30% de todos os postos do país sem pelo menos um tipo de combustível, adiantando que "em alguns lugares é insuportável".
No entanto, a responsável defendeu-se das criticas por agir uma vez que a situação saiu do controle e garantiu que "o governo agiu" aumentando as importações ou permitindo excecionalmente a circulação de camiões-tanque no fim de semana.
A escassez de combustível devido às paralisações nas refinarias iniciadas há duas semanas levou a um aumento dos preços nos postos de gasolina.
De acordo com os dados atualizados esta segunda-feira pelo Governo, o preço médio do litro de gasóleo aumentou 23 cêntimos desde o final de setembro, para 1,93 cêntimos, e o da gasolina 16 cêntimos, para 1,68 euros.
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