Corte no gás? É preciso "encarar com serenidade" e arranjar "soluções"
António Costa Silva destacou que "2023 vai ser um ano completamente extraordinário, porque a Europa vai viver sem o gás russo".
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O ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, em entrevista à RTP3, considerou, esta terça-feira, que uma eventual redução na produção e fornecimento de gás natural liquefeito proveniente da Nigéria provocaria um "stress acrescido", mas que seria necessário encarar a situação "com serenidade" e com vista a encontrar "soluções".
O governante recordou, no entanto, a posição emitida na segunda-feira pelo ministério tutelado por Duarte Cordeiro, que tinha referido que “não existe neste momento qualquer confirmação de redução nas entregas de gás da Nigéria”.
Porém, António Costa Silva ressalvou que é importante não "esquecer que a Nigéria é um dos grandes fornecedores de gás a Portugal" e que, por isso, as "inundações" que tem assolado o país podem ter, efetivamente, "algum impacto" neste fornecimento.
Ainda no âmbito da energia, o responsável máximo pela pasta da Economia recordou que "2023 vai ser um ano completamente extraordinário, porque a Europa vai viver sem o gás russo" - que "corresponde a 27% do mercado mundial da energia". Perante esse facto, vai ser "extremamente difícil" para os países europeus "assegurar essas reservas"
Lembrando que, por essa mesma razão, o "gás tem de vir de outros lados", António Costa Silva quis ressalvar que, devido à sua "posição estratégica", Portugal está "bem posicionado" para dar uma resposta mais efetiva a essa realidade. Até porque a "Bacia Atlântica tem fornecedores que podem substituir eventuais falhas que possam acontecer", apontou ainda.
Na perspetiva do ministro, estamos a "caminhar para um mundo onde essa agressividade [nos mercados], os confrontos geopolíticos e as dificuldades vão ser grandes".
"Estamos a viver uma caça ao gás"
Oferecendo uma breve perspetiva a curto prazo, António Costa Silva ressalvou ainda que, num período de apenas dois anos, pode mesmo registar-se um aumento do preço do gás na ordem das "cinco ou seis vezes", em comparação com o período que antecedeu a guerra na Ucrânia.
Gasoduto ibérico? "Portugal ganha um futuro"
O ministro da Economia considerou ainda, a propósito do gasoduto que ligaria a Península Ibérica ao resto da Europa, possivelmente por via dos Pirenéus, que caso "tivesse sido feita essa ligação, a União Europeia não estaria a passar pela crise energética que está a passar hoje". Isto porque, na sua ótica, a "diversificação das fontes de abastecimento é fulcral" para fazer face a um problema dessa natureza.
Com a eventual concretização desse projeto, "Portugal ganha um futuro", apontou ainda o governante. "Porque se conseguirmos essa ligação, a mesma será para a exportação de hidrogénio verde e de energias renováveis. Podemos vir a ser um dos grandes produtores de energia limpa do futura [...] e exportar isso para toda a Europa", esclareceu.
OE? "Compromisso muito significativo para o país"
A propósito da proposta de Orçamento de Estado para 2023 (OE2023), já apresentada pelo Executivo socialista, o ministro da Economia considerou que o mesmo se trata de um "Orçamento bastante equilibrado, que traduz um compromisso com os cidadãos e com as famílias, porque protege os rendimentos".
Mas o mesmo documento traduz, também, na sua visão, "um compromisso com as empresas - porque existem medidas do ponto de vista fiscal, de reforço dos capitais próprios, do incentivo ao investimento, que são significativas". Tendo em conta estas políticas, Costa Silva espera que o "tecido produtivo" nacional possa "ser mais resiliente".
Além do mais, esta é ainda uma proposta que está "ancorada no acordo de Concertação Social", o que ilustra ainda um "compromisso com os parceiros sociais". Tendo tudo isto em consideração, este OE2023 traduz-se num "compromisso muito significativo para o país".
Questionado sobre se ficou "desiludido" pelo facto desta proposta não englobar uma redução do IRC para as empresas, António Costa Silva negou essa hipótese. "Estou muito formatado para a dinâmica das empresas, onde a troca de ideias é sempre muito positiva", destacou o governante, antes de elencar um vasto leque de medidas que constam deste documento e que, na sua perspetiva, são benéficas para as entidades coletivas.
De recordar que a proposta de Orçamento do Estado para 2023 foi entregue no Parlamento no dia 10 de outubro. O documento vai agora ser debatido na generalidade nos dias 26 e 27 de outubro, estando a votação final global do diploma da proposta do Governo marcada para 25 de novembro.
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