"Conselho de Empreendedorismo pode acolher grupo de inovação"
O diretor-geral da COTEC, Daniel Bessa, afirmou hoje que o Conselho Nacional para o Empreendedorismo e a Inovação (CNEI) poderia acolher um grupo de reflexão que crie um plano de ação a longo prazo para a inovação no país.
© Global Imagens
Economia Daniel Bessa
Falando aos jornalistas à margem da apresentação das conclusões do Portugal Inovação -- Painel de Opinião do Barómetro de Inovação COTEC, que se realizou no auditório da EDP Way, em Lisboa, Daniel Bessa disse que o CNEI, órgão consultivo do Governo para as matérias sobre a inovação, poderia ser "a sede para acolher um grupo de reflexão que crie um plano de ação a longo prazo para a inovação em Portugal".
A necessidade de se criar este grupo foi evidenciada por alguns dos 24 especialistas que responderam ao questionário sobre o estado dos resultados da política de inovação em Portugal, que deram uma nota de 3,6, numa escala de 1 a 7, o que constitui o valor mais baixo de sempre desde que em 2010 a COTEC publicou este barómetro.
A classificação de 3,6 relativa a 2014 é "negativa", de acordo com o painel de opinião, tendo ficado abaixo do valor de 3,65 observado em 2013 e "claramente aquém" dos 4,16, 4,3 e 4,2", respetivamente, apurados em 2012, 2011 e 2010, lembrou Daniel Bessa.
Questionado pelo facto de ter sido um dos líderes de opinião mais crítico em relação aos resultados da política de inovação no país, o presidente da Critical Software, António Quadros, afirmou que a existência de um ecossistema de inovação "é absolutamente fundamental para aquilo que nós queremos enquanto país".
"Uma economia competitiva, global, muito assente em conhecimento e de alto valor acrescentado. Para o conseguirmos precisamos de políticas e estratégias que necessitam de ciclos longos para serem desenvolvidas: Nós temos tido, nestes últimos 40 anos, a maldição que é a mudança sistemática das políticas e estratégias cada vez que há a mudança de ciclo político e isso tem-se repetido (...) e que está a prejudicar a nossa capacidade de evoluirmos na cadeia de valor e de termos um ecossistema inovador ", explicou.
Sobre o conhecimento, António Quadros diz que "demos alguns passos atrás" nos últimos tempos com o ajustamento financeiro, mas que para o desenvolvimento da inovação é fundamental "termos uma massa crítica, muito qualificada e um ensino de muita qualidade" para que Portugal dê resposta aos desafios que vai enfrentar nos próximos anos.
A instabilidade das políticas de inovação foi um dos temas que os 24 membros do painel de opinião valorizaram referiu, por sua vez, o economista Daniel Bessa, tendo dito ainda que outro dos elementos que mereceu "maior peso nas respostas" dos membros do painel teve a ver com a questão do financiamento e das taxas de juro muito altas o que se reflete nas empresas, embora o tema dos polos de competitividade e dos 'clusters' que vêm do anterior Governo foi tido em conta por se "falar menos agora" ao nível dos resultados da inovação no país.
Já o administrador da Hovione, Peter Villax, um dos membros do painel que deu uma nota mais alta, considerou que a classificação de 3,6 espelha "um problema grave, mas conjuntural" e que a inovação deve ser visto "a muito longo prazo".
"Nós começámos a desenvolver políticas de investigação científica nos últimos quinze anos com pelo professor Mariano Gago e que foram muitíssimo positivas. Temos um problema grave mas eu estou muitíssimo otimista", concluiu.
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