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Manifesto foi subscrito por "autores dos maiores disparates"

O presidente do Fórum para a Competitividade, Pedro Ferraz da Costa, diz que o manifesto para a reestruturação da dívida tem como subscritores alguns dos responsáveis pelos maiores disparates que se fizeram em Portugal.

Manifesto foi subscrito por "autores dos maiores disparates"
Notícias ao Minuto

08:00 - 30/04/14 por Lusa

Economia Ferraz da Costa

"Fiquei quase revoltado pelo facto de não haver naquele manifesto uma única palavra sobre que alterações devíamos fazer para crescer", sublinha Ferraz da Costa em entrevista à agência Lusa.

Até porque, prossegue o empresário, "não resolvemos o problema da dívida renegociando ou sendo perdoada se continuarmos a não crescer. Vamos ter cronicamente um problema de dívida se não entrarmos no caminho do crescimento".

E adianta ainda: "aquele grupo de gente, que eu conheça, nunca deu grande contribuição para isso [crescimento]".

O manifesto criticado por Ferraz da Costa reúne um conjunto de cidadãos, entre as quais o antigo ministro João Cravinho, que defendem a renegociação da dívida portuguesa e que ficou conhecido como "Manifesto dos 70". A iniciativa ultrapassou as 4.000 assinaturas necessárias para que fosse debatida na Assembleia da República e já deu entrada no Palácio de São Bento.

"Temos ali dos responsáveis dos maiores disparates que se fizeram em Portugal, que é o caso do engenheiro João Cravinho que deve ser a personalidade mais cara do país. Desde o plano das nacionalizações, até às SCUT [estradas sem custo para os utilizadores], esteve sempre ligado aos maiores disparates", acusa, adiantando que o manifesto "tem outras pessoas que sempre tentaram viver ao lado das realidades numéricas".

Pedro Ferraz da Costa acredita que é possível pagar a dívida pública e que tem havido muita demagogia quando se diz o contrário, mas para isso, defende, a economia tem de crescer e os portugueses têm de viver coletivamente de uma forma mais responsável.

"Não é só a consumir que se pode ser feliz", diz.

Agora, prossegue Ferraz da Costa, "não se consegue ter crescimento sem resolver alguns problemas que há para resolver e que são resolúveis".

O empresário recusa ainda a ideia de que estamos condenados a viver em austeridade até porque diz que sempre viu os bons resultados de países que vivem de uma forma mais austera.

"Se formos à Noruega, à Suécia, à Dinamarca, à Alemanha, a vários países desenvolvidos e que têm condições sociais que são normalmente apresentadas como um exemplo, o dinheiro é tratado com mais respeito do que cá", adianta.

Por isso, o empresário diz que prefere traduzir o "temos de viver em austeridade" com o "não vamos poder desperdiçar dinheiro, gastar o dinheiro dos outros como se não houvesse contas a dar", lembrando que o dinheiro dos impostos "não é uma coisa para ser queimada, roubada, desviada, utilizada em coisas inacreditáveis como nós fizemos".

O empresário acredita que o rigor vai obrigar a refletir mais sobre o que se gasta e como repartir os recursos e lembra que as pensões, a segurança social e as remunerações da função pública foram uma arma eleitoral usada desde que Portugal entrou na União Europeia.

E exemplificou com dois casos: "sem ninguém contribuir mais nada para a segurança social, o professor Cavaco Silva achou que podia dar mais um mês de reforma. O engenheiro Sócrates achou que podia aumentar os salários [da função pública] 2,9% antes das eleições de 2009".

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