Frente Comum diz que adesão à greve foi superior a 80% no turno da noite

A adesão à greve nacional da administração pública, que hoje decorre, foi superior aos 80% no turno da noite, com perturbações na recolha de resíduos sólidos em todo ao país e apenas serviços mínimos nos hospitais.

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Lusa
18/11/2022 10:39 ‧ 18/11/2022 por Lusa

Economia

Greve

"Os dados que temos da noite mostram um extraordinário arranque da greve, com perturbações na recolha de resíduos sólidos em todo o país e serviços mínimos nos hospitais", disse o coordenador da Frente Comum, Sebastião Santana.

O dirigente sindical, que falava, depois das 09:00, aos jornalistas à porta do Hospital São José, em Lisboa, disse ainda que, hoje de manhã, "já se estão a verificar muitas escolas fechadas, em todo o país, e outras com perturbações".

"Por exemplo, a Universidade de Lisboa tem a cantina fechada e o infantário fechado", afirmou, acrescentando que os números de adesão no turno da manhã ainda estão a ser recolhidos.

Referindo-se aos dados conhecidos até ao início da manhã, Sebastião Santana sublinhou: "É revelador que trabalhadores se reveem nesta forma de luta e que sentem necessidade de lutar pelos seus direitos".

"Estamos a falar num quadro em que os trabalhadores estão a empobrecer e o Governo quer que eles continuem a empobrecer no próximo ano, [pois] não dá resposta à questão das carreiras, não quer alterar de forma decisiva o sistema de avaliação e isto obriga os trabalhadores a virem para a rua", considerou.

A greve nacional convocada para hoje decorre uma semana antes da votação final global da proposta de Orçamento do Estado para 2023 (OE2023), que prevê aumentos salariais de um mínimo de cerca de 52 euros ou de 2% para a administração pública no próximo ano.

A Frente Comum de Sindicatos exige aumentos salariais de "10% ou um mínimo de 100 euros" para a administração pública no próximo ano e acredita que ainda há tempo para negociar com o Governo.

Questionado sobre o efeito da greve da área da saúde, Sebastião Santana disse que o impacto mostra a luta dos trabalhadores num setor onde há milhares que "trabalham no Serviço Nacional de Saúde e ganham o salário mínimo com 30 anos de serviço".

Sebastião Santana apontou o caso das carreiras especializadas na saúde -- como os médicos, enfermeiros e técnicos de diagnóstico -, que considerou "muito mal pagas para a responsabilidade e competências que têm".

"Isto é um problema transversal à administração pública. O Governo diz que quer cativar os trabalhadores, melhorar os serviços públicos, mas não o conseguirá fazer enquanto não alterar estas politicas", considerou.

Questionado se teme que o ano de 2023 seja de retrocesso para os trabalhadores, o dirigente sindical respondeu: "a continuarem estas políticas por parte do Governo, é uma evidência".

"O que o Governo propõe é que os trabalhadores empobreçam, não financia os serviços públicos de forma adequada, o SNS tem 55% da sua verba para aquisição de serviços, a escola pública tem menos 6,7% do que o orçamento do ano anterior e não se chega a 1% na cultura. Há um desinvestimento generalizado na administração publica", afirmou.

O sindicalista disse ainda que esta situação "terá impactos tanto nos trabalhadores da administração pública, como nas funções sociais do Estado, que é outro dos motivos que leva os trabalhadores a estarem em greve".

Isabel Barbosa, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, presente na conferência de imprensa, disse ainda que os enfermeiros se sentem desvalorizados, com "décadas de serviço não valorizadas" e disse esperar que a adesão à greve de hoje seja maior do que a de quinta-feira.

Apesar que os números de adesão hoje ainda estarem a ser avaliados, Isabel Barbosa disse esperar que os valores fiquem acima dos 70%.

Sobre o impacto no Hospital de São José, adiantou que as consultas externas estão encerradas, assim como a saúde ocupacional, que o serviço de sangue tem apenas dois enfermeiros e que na neurocirurgia (internamentos) todos os enfermeiros fizeram greve.

A conferência de imprensa decorreu à porta do Hospital de São José, em Lisboa, onde estiveram igualmente o deputado Alfredo Maia, em representação do grupo parlamentar do Partido Comunista Português, e a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins.

[Notícia atualizada às 11h07]

Leia Também: Mais de uma dezena de escolas encerradas no Porto devido à greve

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