"Os critérios de desempenho do programa, metas indicativas e valores de referência estruturais, no final de junho de 2022, foram cumpridos; a perspetiva de política monetária e o aperto proativo desde início de 2021 são apropriados para lidar com a previsível subida da inflação", escreve o FMI na nota que dá conta da aprovação, pelo conselho de administração, da primeira revisão da Linha de Crédito Ampliada (ECF, na sigla em inglês).
A aprovação da primeira revisão ao programa de três anos, aprovado em maio deste ano, representa um desembolso imediato de 59,2 milhões de dólares [quase 58 milhões de euros], do total de 456 milhões de dólares [443 milhões de euros] incluídos no programa de ajustamento financeiro, do qual Moçambique já recebeu cerca de 150 milhões de dólares, ou seja, 145 milhões de euros.
"O crescimento deverá aumentar em 2022, com o fortalecimento da recuperação económica, apesar do ambiente económico internacional em degradação e o aumento dos preços das matérias-primas, refletindo uma campanha de vacinação robusta e o levantamento total das restrições contra a covid-19 em julho de 2022", aponta-se ainda no comunicado.
Entre os principais riscos ao cumprimento dos objetivos do programa, o FMI salienta a subida dos preços, que já levou a inflação para dois dígitos, a agitação social, a atividade terrorista no norte do país e os desastres naturais, que são, ainda assim, compensados com o fortalecimento da recuperação económica, as fortes perspetivas de procura de gás natural liquefeito e a possibilidade de um crescimento acima do esperado nos outros setores da economia a médio prazo.
"O desempenho do programa tem sido forte, com todas as metas quantitativas e os valores de referência estruturais a serem cumpridos até junho de 2022", escreveu o diretor adjunto do Fundo, Bo Li, citado no comunicado.
"Apesar de a perspetiva de evolução continuar positiva, alimentada pelos grandes projetos de exploração de gás natural, continua a haver riscos significativos, incluindo os eventos climáticos adversos e a frágil situação de segurança; a fraqueza da governação e as vulnerabilidades da dívida também colocam desafios", acrescentou o dirigente, vincando que "neste contexto, o desenvolvimento contínuo da capacitação e o apoio dos doadores continuam a ser imperativos para Moçambique alcançar os objetivos de desenvolvimento".
Na nota, o FMI dá ainda conta da necessidade de fazer "esforços adicionais para mitigar a volatilidade da receita, continuar o fortalecimento da gestão do investimento público e a integração das receitas dos recursos naturais no enquadramento mais geral do orçamento".
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