"A fusão das empresas do grupo CVTelecom permitirá a convergência tecnológica das infraestruturas, dos sistemas de informação e das ofertas no mercado. Este processo resultará em ganhos adicionais tais como a redução do 'time-to-market' e a melhoria de competitividade da empresa e do setor, fatores chave e determinante na dinamização da economia digital e na internacionalização dos negócios", lê-se numa carta assinada pelo presidente do conselho de administração do grupo, João Domingos Correia, enviada hoje aos parceiros.
A carta, à qual a Lusa teve acesso, recorda que a CVTelecom, com o capital social de mil milhões de escudos (nove milhões de euros) é "a maior empresa de comunicações eletrónicas de Cabo Verde" e o grupo "responsável pela infraestruturação do setor das telecomunicações do país", que "passa por um processo de transformação que se operacionalizará através da fusão das empresas", por "incorporação da CVMóvel, SA e da CVMultimédia, SA na Cabo Verde Telecom, SA, prevista para 01 de janeiro de 2023".
"Continuamos a contar com todos os nossos fornecedores e parceiros para vencer os novos desafios que se avizinham, com ganhos que beneficiam a todos", lê-se igualmente na carta.
A intenção da CVTelecom de fundir as empresas daquele grupo estatal prevê comercializar de forma integrada diferentes serviços de telecomunicações, como voz, dados e televisão, contrariamente ao que ainda acontece e que já é feito pela concorrência.
Esta intenção também já tinha sido avançada à Lusa, em janeiro último, pelo presidente da CVTelecom, garantindo que o processo não envolverá despedimentos.
"O nome ainda não sabemos, mas haverá uma só empresa do lado da CVTelecom", afirmou então o presidente do conselho de administração do grupo estatal, João Domingos Correia.
"Nós estamos a prever que dentro de seis meses teremos uma só empresa com os seus negócios", acrescentou na ocasião, garantindo que esta opção vai permitir "ganhar eficiência operacional" e terá "repercussão positiva nos preços aos consumidores".
A fusão "vai representar uma grande facilidade na vida do cliente consumidor, que passará a ter uma única fatura, que passará a ter um único interlocutor e quando tiver de resolver os seus problemas não tem de se dirigir às seis empresas separadamente, mas sim a uma única empresa", garantiu.
Por outro lado, o presidente do conselho de administração do grupo CVTelecom, que conta com cerca de 400 trabalhadores, assumiu que não estão previstos despedimentos com esta fusão.
"Seguramente que não. A CVTelecom vai ter de recrutar mais pessoas, com o perfil tecnológico adequado, e nós estamos em processo de reorganização, fazendo reciclagem das pessoas que ainda são recicláveis e trabalhar no processo de reforma antecipada para aqueles que pretendam ir para casa mais cedo", acrescentou João Domingos Correia.
O grupo CVTelecom contava com participações avaliadas anteriormente em 1.028 milhões de escudos (9,6 milhões de euros) em várias empresas, nomeadamente na CV Móvel (rede de telecomunicações móveis, 100%), CV Multimédia (televisão por subscrição e Internet, 100%) e a Directel Cabo Verde (Páginas Amarelas, 40%).
A maioria do capital social do grupo CVTelecom é detida pelo Instituto Nacional de Previdência Social (instituto público que gere as pensões cabo-verdianas), em 57,9%, contando ainda com a estatal Aeroportos e Segurança Aérea (20%), a Sonangol Cabo Verde (5%) e o Estado de Cabo Verde (3,4%) entre os acionistas, como privados nacionais (13,7%).
Os lucros do grupo estatal Cabo Verde Telecom (CVTelecom) aumentaram 36,5% em 2021, para 284 milhões de escudos (2,6 milhões de euros), e pelo terceiro ano consecutivo as vendas voltaram a crescer, apesar da crise provocada pela covid-19.
De acordo com o relatório e contas de 2021 da empresa, o ano passado voltou a ser de crescimento de vendas, 7,9%, com 4.907 milhões de escudos (45,9 milhões de euros) de receitas consolidadas, influenciado pelo crescimento do teletrabalho e recursos associados, apesar das quebras em setores tradicionais.
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