"Neste momento, 37% do universo de clubes ligados à AirCourts está em Lisboa, 23% no Porto e os restantes 40% disperso por outras cidades e regiões. É curioso ver que esta percentagem concentrada entre Porto e Lisboa tem vindo a reduzir: era de 76% há dois anos, passou para 70% no ano seguinte e agora já estamos nos 60%. A tendência de os clubes estarem todos concentrados em Lisboa e Porto está a desaparecer. Isso significa que há um crescimento de padel nas outras cidades do país", partilhou à agência Lusa.

De acordo com os dados mais recentes do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), 2.368 dos 6.621 atletas federados registados em 2021 estão em Lisboa (35,8%), 1.108 no Porto (16,7%), 3.065 nos outros distritos (46,3%) e 80 no estrangeiro (1,2%).

"Em princípio, vamos fechar 2022 com 300.000 reservas online de padel, que configuram um aumento de 20% face a 2021, 75% das marcações de campos em relação aos vários desportos da AirCourts e 80% de quota de mercado nacional do padel", detalhou André Duarte, sobre uma modalidade que engloba metade dos 500.000 utilizadores estimados.

O padel perfaz 230 dos 330 clubes e 920 dos 1.537 campos englobados na plataforma, numa subida de 25% e 58% face ao ano passado, respetivamente, contribuindo, a par de ténis, futebol ou squash, entre outros, para uma "média de 900 reservas online por dia".

"Começámos pelo ténis, seguimos para o futebol e, mais tarde, entrou o padel. O nosso negócio começou a crescer mais por aí. Muitos clubes novos iam ter connosco quase por defeito, pois percebiam que somos uma solução única em Portugal. Houve muitos clubes de ténis que começaram a montar campos de padel para substituir alguns de ténis que não estavam a ter ocupação. A pandemia de covid-19 veio acelerar mais o crescimento", frisou, destacando "a facilidade de aprendizagem e o lado social" inerente à modalidade.

Lançada em 2014, a AirCourts veio agilizar a hipótese de praticantes poderem encontrar clubes para reservar no imediato um campo, ao contrário do "processo muito demorado" sentido por André Duarte quando tentava confirmar a disponibilidade de 'courts' de ténis.

"Estávamos na fase em que serviços de restauração, hotelaria ou mobilidade começaram a ficar digitalizados. Ao pensar no porquê de não se usar uma coisa destas no desporto, comecei a explorar essa ideia. Montei um 'site' e uma aplicação móvel para as pessoas verem de uma maneira simples que clubes estavam disponíveis na sua zona a uma certa hora. Escusavam de perder tempo com chamadas e à procura dos contactos", detalhou.

Os clubes aderentes à plataforma estão equipados para aceitarem marcações em tempo-real e gerirem diversas funcionalidades, tais como "aulas, clientes, inventário, faturação, mensalidades ou estratégias de marketing", ajudando a potenciar um "negócio lucrativo".

"Estamos num modelo híbrido e fazemos dinheiro de duas formas: cobramos aos clubes uma subscrição mensal pela utilização do software e uma comissão residual se a reserva feita pelos utilizadores for acompanhada de uma confirmação de pagamento", sinalizou.

Sem implicar custos acrescidos para quem joga, a AirCourts "optou por liderar o mercado nacional" e alcançou o 'break-even' (equilíbrio financeiro) "após 18 meses" de atividade, esperando divulgar a breve prazo uma parceria para acelerar a sua internacionalização.

Nessa lógica deve continuar a ser preponderante o padel, cujo perfil típico de praticante "tem rendimentos médios ou altos", apesar de André Duarte acreditar que uma eventual recessão económica em 2023 pode incentivar alguns clubes a "competirem pelo preço".

"Aliás, até agora aconteceu o contrário por causa da inflação. Os clubes foram forçados a aumentar os preços para cobrir a subida dos custos nos arrendamentos e com a energia. Já se sabe que estes espaços muito grandes, sobretudo 'indoors', localizam-se em áreas urbanas e custam uma fortuna em rendas, pelo que empresários e donos de clubes têm de refletir esse aumento nos seus clientes para manterem o negócio lucrativo", explicou.

O fundador e diretor-executivo da AirCourts deteta, porém, "oportunidades para o padel poder crescer", desde logo "em várias cidades que não têm a modalidade desenvolvida".

"Eu monto um clube num sítio onde o padel não existe e estou a correr um risco, porque vou ter de ensinar as pessoas a jogar ou criar eventos sociais para as trazer para lá. Isso requer investimento. No fundo, foi o que os primeiros empresários envolvidos na criação de clubes em Lisboa e no Porto tiveram de fazer para promover a modalidade", recorda.

A outra perspetiva incide na rentabilização dos campos de grandes centros urbanos nas manchas horárias prévias ao final da tarde, período em que "há zonas em que ainda é impossível arranjar alternativas e continua a haver uma procura maior do que a oferta".

"Um clube não abre para estar só aberto ao final da tarde. Isso passa muito por aulas. O desporto escolar é outra forma de ocupar essas manchas. Agora, não creio que o padel tenha chegado ao seu pico. Enquanto houver mais jogadores, tendência que ainda não estagnou, vai continuar a existir a necessidade de colmatar essa procura com clubes e campos, mas é preciso ser mais criterioso neste momento", recomendou André Duarte.

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