As estimativas preliminares foram reveladas hoje pelo presidente do IGCP - Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública, Miguel Martín, durante uma audição parlamentar na Comissão de Orçamento e Finanças (COF).
"O custo médio do financiamento da República, que no ano passado se situou na casa dos 1,2%, este ano estaria na casa dos 2,1%", disse o responsável do IGCP, que sucedeu a Cristina Casalinho à frente da instituição.
Miguel Martín deu, contudo, nota de que tal representa um "aumento do custo marginal da dívida" e que "só uma parte do custo da dívida é que é financiada durante este ano", salientando que o enquadramento é "incerto".
O presidente do IGCP explicou ainda que a instituição pretendeu centrar "os financiamentos mais difíceis no início do ano", já que se antecipa que em 2023 "haja um aumento grande das emissões soberanas de todos os soberanos ao nível mundial".
Alertou ainda que "a partir de 2027, temos um salto grande no que diz respeito às necessidades de financiamento da carteira de Obrigações do Tesouro quando comparado com os anos transatos".
"Se pensarmos no que tem sido as necessidades de amortização da dívida portuguesa ao longo dos últimos dez anos temos estado na casa dos 10 a 15 mil milhões de euros. Quando entrarmos no ano de 2025, temos aqui um salto em que vamos adicionar 10 mil milhões [de euros] à necessidade de refinanciar a dívida portuguesa", exemplificou, assinalando ser "algo que vai entrar na estratégia da agência".
Questionado pelos deputados sobre o impacto para Portugal da redução que o Banco Central Europeu (BCE) irá fazer da dívida que acumulou no balanço, o presidente do IGCP explicou que as estimativas têm por base apenas "as informações que foram publicadas" pelo banco central.
"Segundo esta primeira 'reverse engineer' [engenharia reversa] que estamos a fazer com base nas palavras, o saldo líquido de montantes detidos pelo BCE em dívida portuguesa reduzir-se-ia à volta de dois mil milhões [de euros]", apontou.
Miguel Martín detalhou também que a estratégia do IGCP passa pela diversificação da base de investidores, querendo aumentar a fatia de dívida pública detida por residentes.
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