Gentiloni espera que Portugal supere (novamente) projeções de Bruxelas
O comissário europeu da Economia disse hoje esperar que, uma vez mais, a economia portuguesa tenha um melhor desempenho do que aquele projetado pela Comissão, apontando que as diferenças de projeções estão sobretudo relacionadas com os indicadores ponderados.
© Lusa
Economia Gentiloni
Na conferência de imprensa de apresentação das previsões económicas de inverno, hoje divulgadas em Bruxelas pela Comissão Europeia, Paolo Gentiloni foi questionado sobre o facto de, uma vez mais, Bruxelas ser mais pessimista do que o Governo nas suas projeções, dado prever para 2023 um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) português de 1%, contra 1,3% de Lisboa, e antecipar uma inflação de 5,4%, contra a taxa de 4% prevista no Orçamento do Estado para este ano.
"Temos frequentemente diferenças nas previsões, que se prendem sobretudo com as diferentes datas de fecho dos dados. Por exemplo, se compararem as nossas previsões com as do Banco de Portugal [BdP], constatam um maior otimismo do lado do BdP relativamente ao crescimento para 2023 e menos otimismo da projeção do Banco de Portugal para a inflação. A nossa projeção é mais favorável para a inflação que a do Banco de Portugal e menos favorável em termos de crescimento", apontou.
No Boletim Económico de dezembro passado, o Banco de Portugal projetou para este ano um crescimento do PIB de 1,5% e uma inflação de 5,8%.
"Creio que a explicação [para estas diferenças] se deve sobretudo às datas de fecho dos indicadores, pois a nossa projeção tem em conta, para o crescimento, os dados do quarto trimestre, e, para a inflação, a evolução da mesma, que mostra que está geralmente no sentido descendente", explicou.
"Teremos uma vez mais uma previsão [para Portugal] melhor do que o esperado na primavera? Espero que sim. Claro que também depende das políticas, não apenas do tempo", declarou o comissário italiano.
Relativamente às medidas tomadas por Portugal, designadamente para fazer face à escalada dos preços no setor da energia, Gentiloni manifestou-se convicto de que, "de facto, o mecanismo ibérico revelou-se um contributo muito útil", mas acrescentou que "algumas circunstâncias específicas de Portugal também contribuíram para reduzir a inflação, em particular a reposição dos níveis de água nas barragens, que era uma questão até há algumas semanas".
Nas previsões económicas intercalares de inverno, hoje divulgadas, a Comissão Europeia reviu em alta a previsão de crescimento da economia portuguesa para 1% este ano, esperando que depois de um início de ano mais fraco haja uma melhoria a partir do segundo trimestre.
As perspetivas representam uma revisão em alta de 0,1 pontos percentuais (pp.) e de 0,3 pp. para 2022 e 2023, respetivamente, face ao relatório de novembro. Contudo, para este ano, fixa-se abaixo da previsão do Governo, que espera uma expansão de 1,3%.
Relativamente à inflação, o único outro indicador macroeconómico destas previsões intercalares, Bruxelas reviu em ligeira baixa a previsão da taxa para Portugal este ano, para 5,4%, acreditando que o pico foi atingido no último trimestre do ano passado, mas continuando mais pessimista do que o Governo, que no relatório do OE2023 prevê uma taxa de 4% este ano.
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