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Ilha Terceira pode aumentar renováveis para 50% com novo sistema

A Eletricidade dos Açores (EDA) inaugurou hoje um novo sistema de armazenamento de energia na ilha Terceira, que vai permitir reduzir o consumo de fuelóleo e aumentar a quota de renováveis "para mais de 50%".

Ilha Terceira pode aumentar renováveis para 50% com novo sistema
Notícias ao Minuto

20:47 - 13/03/23 por Lusa

Economia Açores

"Mais de 1.000 toneladas de fuelóleo que deixam de ser gastos, por ano, na ilha Terceira, na economia da importação a que estamos sujeitos quanto a este recurso, menos de cerca de 3.600 toneladas de emissões de CO2 por ano. Eis uma vantagem para, em futura elaboração de mercados voluntários de créditos de carbono, apontarmos relativamente à sustentabilidade ambiental das nossas ilhas", afirmou o presidente do Governo Regional dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), José Manuel Bolieiro, na inauguração da infraestrutura, em Angra do Heroísmo.

Orçado em cerca de 14 milhões de euros, o novo sistema de armazenamento de energias por baterias foi financiado em 85% por fundos comunitários.

Tem uma potência instalada de 15 megawatts, distribuída por seis inversores, e uma capacidade de armazenamento de 10,5 megawatts/hora, no fim de vida útil.

O novo sistema inclui um 'software' de gestão de micro redes, instalado pela primeira vez em Portugal, que foi concebido pela EDA e desenhado por um consórcio formado pela Siemens e pela Fluence, com a colaboração de outras entidades.

"Com sentido estratégico, ousadia e bons parceiros tecnológicos para ciência aplicada, os Açores podem ser na transição energética um verdadeiro laboratório para ensaios aplicáveis. Podemos com ousadia ser pioneiros", salientou José Manuel Bolieiro.

O presidente da EDA, Nuno Pimentel, disse que o 'software' "monitoriza em tempo real e controla todas as fontes de produção e a infraestrutura do sistema elétrico da ilha", permitindo "maximizar a integração de energias renováveis na rede".

Com as atuais fontes de produção, será possível atingir quotas de 38,1 a 44,6% de energias renováveis, na ilha, mas a previsão da EDA é que essa quota possa aumentar para "mais de 50%" com investimentos futuros.

"Para nos libertarmos de grupos geradores térmicos, não basta investir em mais capacidade de produção de energias renováveis, pois estas têm, pela sua natureza, algumas características difíceis de dominar tecnicamente em sistemas elétricos de pequena dimensão e isolados, como são os nossos", frisou Nuno Pimentel.

As energias eólica e fotovoltaica podem ter "variações bruscas de produção quase instantâneas" e a geotermia "não tem capacidade de resposta para compensar" essas variações, explicou.

O transporte de eletricidade por cabos submarinos nos Açores não é, segundo o presidente da EDA, uma "solução técnica e economicamente viável".

O sistema de armazenamento instalado na ilha Terceira permite "dispensar o funcionamento de um grupo termoelétrico de média dimensão durante as horas de maior consumo" e libertar espaço no diagrama de carga "para integrar mais energia de origem renovável".

Por outro lado, "a capacidade de armazenamento de energia cobre o tempo de religação de um grupo gerador térmico, caso se mostre necessário, para assegurar o consumo e a estabilidade da rede".

Segundo Nuno Pimentel, "foram analisados cenários de capacidades superiores de armazenamento, mas os custos de investimento iriam aumentar exponencialmente, não se justificando".

Estão a ser estudadas novas tecnologias que permitirão o armazenamento por meios químicos, de hidrogénio ou de combustíveis limpos, mas "ainda não estão disponíveis comercialmente ou têm custos muito elevados", acrescentou.

O sistema de armazenamento inaugurado na ilha Terceira é o segundo dos Açores, depois do instalado na ilha Graciosa, mas está já em curso a instalação de um sistema semelhante na ilha de São Miguel, com verbas do programa operacional Açores 2020, que deverá ficar concluído até final de 2023.

Nas restantes seis ilhas, serão também instalados sistemas de armazenamento, com recurso a verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), até 2025.

Leia Também: Bruxelas combate preços voláteis da luz com incorporação de renováveis

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