No primeiro mês do ano fecharam 224 estabelecimentos da restauração e similares em território nacional e a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) teme que a situação se agrave, já que a subida dos preços continua.
"Os dados mais atualizados do Instituto Nacional de Estatística (INE) são relativos a janeiro de 2023, mês em que se registou o encerramento de 224 estabelecimentos da restauração e similares no território nacional", disse Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP, em declarações ao Notícias ao Minuto, acrescentando que "apesar destes dados confirmarem uma redução face ao quarto trimestre do ano passado, a realidade é que há um aumento de 28% nos encerramentos deste tipo de estabelecimentos face ao mesmo mês de 2022".
A AHRESP diz que tem vindo a alertar para o "impacto do contexto inflacionista, que está a contribuir para a destruição das empresas".
Preços aplicados aos clientes ainda estão muito longe de serem suficientes para que as nossas empresas consigam fazer frente aos custos de produção acrescidos e consigam criar tesouraria
"Se a classe dos Restaurantes, Cafés e Similares registou, de acordo com o INE, uma inflação de 10,4% em fevereiro deste ano, a verdade é que esta percentagem está ainda muito abaixo da que verificada nas principais matérias-primas deste tipo de estabelecimentos, ou seja, nos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas, que registaram uma inflação de 21,5%", explicou a secretária-geral da AHRESP.
Significa isto que, "perante esta disparidade, os preços aplicados aos clientes ainda estão muito longe de serem suficientes para que as nossas empresas consigam fazer frente aos custos de produção acrescidos e consigam criar tesouraria, precisamente aquilo de que mais necessitam para equilibrarem as suas contas e não fecharem portas".
Como o aumento dos preços não parece ter fim à vista, a AHRESP teme que esta situação venha a agravar-se:
"Tememos que a situação se agrave, uma vez que não há sinais de abrandamento do aumento dos preços, particularmente no que diz respeito aos bens alimentares essenciais, nem de qualquer revisão em baixa das taxas de juro por parte do Banco Central Europeu", disse Ana Jacinto.
Leia Também: AHRESP manifesta "grande preocupação" e exige esclarecimentos do Governo