Lagarde salientou hoje numa conferência com observadores do BCE em Frankfurt que "com a incerteza elevada, é ainda mais importante que o ritmo dos movimentos das taxas de juro seja dependente dos dados".
"Isto significa, 'ex ante', que não estamos comprometidos em aumentar ainda mais as taxas, nem terminámos com os aumentos das taxas de juro", de acordo com a presidente do BCE.
"De facto, como expliquei na semana passada, se o cenário base nas nossas projeções mais recentes se confirmar, ainda temos algum caminho a percorrer para assegurar que as pressões inflacionistas sejam reduzidas", acrescentou Lagarde no seu discurso.
O BCE aumentou o preço do dinheiro desde julho do ano passado em 350 pontos base para 3,50%.
A presidente do BCE salientou que "embora seja provável que a inflação caia acentuadamente este ano devido aos preços mais baixos da energia e à redução dos estrangulamentos na oferta", a inflação subjacente, que exclui energia e alimentos, é forte.
"Num tal ambiente, o nosso objetivo final é claro: devemos - e iremos - baixar a inflação para o nosso objetivo a médio prazo a tempo", disse Lagarde.
Mas dadas as condições atuais, a estratégia do BCE em matéria de taxas de juro dependerá da situação económica.
Assim, o ritmo dos movimentos das taxas de juro no futuro dependerá de como o BCE vê a inflação evoluir, o que acontece à inflação subjacente e como os aumentos dos preços do dinheiro que empreendeu até agora são transmitidos aos mercados e à economia real.
Para que a inflação desça, é importante que a política monetária funcione na direção restritiva e este processo começa a ter efeito agora, de acordo com Lagarde.
Lagarde deixou claro que também têm instrumentos suficientes para fornecer liquidez ao sistema financeiro, se necessário, tendo em conta a volatilidade dos mercados financeiros nas últimas semanas.
A presidente do BCE reiterou que "o setor bancário europeu é resistente, com fortes posições de capital e liquidez".
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