"Iceberg" e "trampolim": A audição aos sindicatos da TAP em seis pontos
Revelações na comissão de inquérito são "autêntica vergonha para o país", caso Alexandra Reis "é ponta do iceberg" e TAP "foi sempre utilizada para interesses individuais. Estas foram algumas das declarações que marcaram o primeiro dia de audições dos representantes dos trabalhadores no Parlamento - mas há mais.
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Economia TAP
As audições no âmbito do inquérito parlamentar à TAP prosseguem e na quarta-feira foi a vez de os sindicatos que representam os trabalhadores terem sido ouvido na Assembleia da República, sendo que estas audições audições ainda prosseguem ao longo desta quinta-feira.
Afinal, o que disseram os trabalhadores no Parlamento? Fique a par dos seis pontos essenciais:
1. Revelações na comissão de inquérito são "autêntica vergonha para o país"
O presidente do sindicato de tripulantes de cabine considerou que as revelações na comissão de inquérito à TAP têm sido "uma autêntica vergonha para o país" e que o tempo provou que despedimento de trabalhadores "não era necessário".
"A narrativa ideológica de que os salários dos trabalhadores do grupo TAP eram os grandes culpados pela situação financeira em que a companhia se encontrava, a realidade veio dar-nos razão, esta sala veio dar razão. O que temos assistido nesta sala é uma autêntica vergonha para o país", afirmou o presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), Ricardo Penarróias, na comissão de inquérito à TAP, onde defendeu que o despedimento de trabalhadores da companhia aérea, no âmbito das medidas do plano de reestruturação, "não era necessário".
Independentemente de quem está no governo, [a TAP] foi sempre utilizada para interesses individuais e não coletivos
2. Diz-se nos corredores que caso Alexandra Reis "é ponta do iceberg"
O presidente do sindicato de tripulantes de cabine afirmou ainda que, segundo o que se ouve "nos corredores" da TAP, o caso da indemnização à antiga administradora Alexandra Reis "é a ponta do iceberg".
Ricardo Penarróias assegurou que não diz isto "com muito orgulho" porque achava que este tipo de processos tinha ficado no passado "até pela promessa" que foi feita de uma gestão profissional e transparente.
O presidente do sindicato dos tripulantes de cabine disse ainda que a atuação do ex-presidente do Conselho de Administração da TAP, Manuel Beja, na empresa "foi nula" e que não houve comunicação entre 'chairman' e sindicatos.
3. "Trampolim": TAP "foi sempre utilizada para interesses individuais e não coletivos"
Ricardo Penarróias afirmou também que a TAP foi sempre utilizada para interesses individuais, independentemente dos governos, sendo vista como "trampolim" ou forma de ganhar notoriedade política.
"Independentemente de quem está no governo, [a TAP] foi sempre utilizada para interesses individuais e não coletivos, sempre foi vista como um trampolim, ou maneira de notar-se politicamente e isto tem impacto, porque tomaram-se decisões erradas", defendeu o presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), Ricardo Penarróias, na comissão de inquérito à companhia aérea.
E insistiu: "Privatização, nacionalização, foi tudo mal feito e quem está a pagar são os trabalhadores do grupo TAP e também os passageiros".
4. Cortes salariais na TAP foram impostos por "vontade de ser bom aluno"
O sindicato de tripulantes de cabine recorreu ainda a documentação da Comissão Europeia para referir que os cortes salariais na TAP não foram impostos por Bruxelas, mas "vontade de ser bom aluno", apelando à reversão do plano de reestruturação.
5. Sitava diz que novo presidente da TAP desconhece plano de reestruturação
Por seu turno, um dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) disse que o novo presidente da TAP, Luís Rodrigues, comunicou aos trabalhadores que não conhece o plano de reestruturação da companhia.
"Achei uma parte engraçada, [...] o doutor Luís Rodrigues comunicou aos trabalhadores que não conhece o plano de reestruturação da TAP", disse Paulo Duarte, na comissão de inquérito à TAP, em resposta ao deputado social-democrata Paulo Moniz, referindo-se a um encontro entre o novo presidente e os trabalhadores, que decorreu na quarta-feira.
Deixem Luís Rodrigues e a sua equipa gerir, de uma vez por todos, não se pode gerir mais pelo Whatsapp. [...] Um erro são milhões de prejuízo
6. SINTAC pede conclusões porque TAP "está a perder valor" a cada dia
Já o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil recusou que a TAP seja usada como "instrumento político ou de lutas partidárias", pedindo conclusões rápidas porque, a "cada dia que passa", a empresa "está a perder valor".
"Sobre a mediatização da TAP, é inaceitável verificar-se a utilização da TAP como um instrumento político ou de lutas partidárias ou outras razões", alertou Pedro Figueiredo, presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC), na intervenção inicial durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito à TAP.
Também o presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), Tiago Faria Lopes, pediu que pare a interferência política na TAP e que se deixe o novo presidente, Luís Rodrigues, gerir a sua equipa.
"Apelo a todos os deputados e ao Governo que pare a interferência. Deixem Luís Rodrigues e a sua equipa gerir, de uma vez por todos, não se pode gerir mais pelo Whatsapp. [...] Um erro são milhões de prejuízo", afirmou o presidente do SPAC, na comissão de inquérito à TAP.
Por fim, vale recordar que o ministro das Finanças afirmou que os documentos sobre os processos de exoneração da presidente executiva e do presidente do Conselho de Administração da TAP, que já estão no Parlamento, permitirão aos deputados avaliar se existiu ou não falha na defesa do interesse público.
Esta quinta-feira, é a vez de serem recebidos pela comissão de inquérito a coordenadora da Comissão de Trabalhadores da TAP, Cristina Carrilho, e os dirigentes do Sindicato dos Aeroportos de Manutenção e Aviação (Stama), João Varzielas, do Sindicato Independente de Pilotos de Linhas Aéreas (SIPLA), João Leão, e do Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (Sitema), Jorge Alves.
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