TAP? Intervenção do Estado não foi "nenhuma opção ideológica"
O antigo 'chairman' da TAP Miguel Frasquilho defendeu hoje que a intervenção do Estado na companhia em 2020 "não se tratou de nenhuma opção ideológica", mas sim "uma premente necessidade" face à recusa de auxílio dos privados.
© Lusa
Economia Miguel Frasquilho
"Nunca esquecerei a opção tomada pelo Governo em representação do Estado em salvar a TAP. Não tenhamos ilusões, se o objetivo era salvar a TAP, não havia outra alternativa. [...] Não se tratou de nenhuma opção ideológica, tratou-se antes de uma premente necessidade, uma emergência, que permitiu salvar milhares de postos de trabalho", defendeu o antigo presidente do Conselho de Administração do grupo TAP.
Miguel Frasquilho disse ainda que, quando a companhia aérea entrou em dificuldades devido à pandemia, a "primeira opção foi recorrer ao auxílio dos acionistas privados".
"Infelizmente, quando confrontados com a necessidade premente de recursos que permitissem a viabilidade da TAP, a resposta dos acionistas privados foi negativa", realçou.
O antigo 'chairman' deixou ainda uma palavra de agradecimento ao esforço e dedicação dos trabalhadores da TAP e disse depositar "a maior confiança" na nova equipa de gestão, liderada por Luís Rodrigues, que, aliada aos resultados positivos alcançados em 2022, que anteciparam em três anos o cenário previsto para 2025, "permitem acalentar a esperança de um futuro melhor" para a companhia aérea.
Economista de formação, Miguel Frasquilho foi também deputado na Assembleia da República, pelo PSD, e secretário de Estado do Tesouro e Finanças entre 2002 e 2003, e assumiu o cargo de presidente do Conselho de Administração da TAP, em junho de 2017, por nomeação do Estado, detentor de 50% do capital.
Depois da reversão da privatização feita, em 2015, na reta final do governo do PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho, o Conselho de Administração da TAP ficou composto por seis elementos indicados pelo Estado e outros seis escolhidos pelo consórcio Atlantic Gateway, dos empresários Humberto Pedrosa e David Neeleman, com uma participação de 45% (os restantes 5% pertenciam aos trabalhadores), sendo que o presidente nomeado pelo Estado tinha voto de qualidade.
Na carta de despedida aos trabalhadores, em junho de 2021, Miguel Frasquilho afirmou sair com a "tranquilidade do dever cumprido", explicando que a saída resultava da falta de conjugação de vontades para continuar entre o próprio e o Estado.
Na mesma carta, o antigo gestor lembrou os dois primeiros anos e meio na liderança do grupo TAP, em que a "convivência com os acionistas privados e os seus representantes foi sempre muito desafiante e enriquecedora".
No último ano e meio de mandato, marcado pela pandemia, Frasquilho sublinhou que as "prioridades foram as de salvar a TAP, o maior número possível de postos de trabalho e, através do duríssimo, mas indispensável Plano de Reestruturação entregue em Bruxelas, procurar garantir o futuro, a sustentabilidade e a rentabilidade da TAP".
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