Pedrosa: Privatização era "oportunidade única" para relançamento da TAP
"Durante a gestão privada, o grupo TAP conseguiu resultados assinaláveis". Quem o disse foi Humberto Pedrosa, antigo acionista da companhia aérea, na comissão parlamentar de inquérito.
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Economia TAP
Humberto Pedrosa, antigo acionista da TAP, afirmou esta terça-feira, em plena comissão parlamentar de inquérito à gestão da companhia aérea, que "à data do processo de reprivatização" da mesma, "relançada em 2014, a TAP apresentava uma situação financeira degradada", caracterizada por capitais próprios negativos.
Como elaborou aquele que é agora o alvo de (mais uma) audição, na sua intervenção inicial, a companhia aérea "não conseguia", nesse momento, "gerar receitas suficientes" para fazer face aos custos existentes.
Perante esse cenário, a privatização da empresa apresentava-se como uma "oportunidade única" para possibilitar o relançamento daquela que disse ser uma "empresa estratégica".
"Durante a gestão privada, o grupo TAP conseguiu resultados assinaláveis", fez questão ainda de assinalar o ex-acionista, que exemplificou a afirmação com base no acréscimo, de 2015 para 2019, no número de passageiros transportados, de trabalhadores e de voos, bem como do volume de negócios, entre outros fatores. Um caminho que, no entanto, “foi brutalmente interrompido pela pandemia”, lamentou.
"Congratulo-me com os resultados atingidos pela TAP", destacou ainda Humberto Pedrosa, atribuindo a responsabilidade pelos mesmos tanto à "equipa de gestão" da companhia aérea, mas também aos "trabalhadores". E apontou: "O caminho não foi isento de obstáculos, mas foi possível".
Na sua intervenção inicial, o antigo acionista avançou ainda que, no ano de 2015, o Grupo Barraqueiro, do qual é dono, usou fundos próprios para apoiar a TAP, mas não só. "Facilitou linha de crédito, com garantia pessoal minha, e cedeu e garantia aberta na banca para o grupo Barraqueiro", explicou.
Sobre o processo de reestruturação da empresa, enviado para Bruxelas no final de 2020, Humberto Pedrosa informou, perante os deputados: “Infelizmente tornou-se (naquela altura) evidente que o plano de reestruturação não permitia a nossa participação” na empresa.
A intervenção inicial do proprietário do Grupo Barreiro aconteceu já após a comissão parlamentar de inquérito à TAP ter ficado marcada por uma discussão sobre o tempo da audição que se seguia, que levou o socialista Jorge Seguro Sanches a abandonar os trabalhos. O deputado questionou, inclusive, a sua continuidade no cargo de presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão da TAP.
Humberto Pedrosa, que abandonou no final de 2021 a estrutura acionista da TAP, depois de cinco anos de participação por via do consórcio Atlantic Gateway, foi o mais recente nome a ser ouvido no contexto da comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da companhia aérea. Foi, recorde-se, um dos nomes que acompanhou a negociação do processo de reestruturação da mesma.
O empresário português tornou-se sócio, tal como David Neeleman, no referido consórcio em 2015. O Atlantic Gateway conquistou, na altura, uma participação de 61% na companhia aérea, por via de uma privatização efetuada ainda no tempo do Governo de Pedro Passos Coelho.
A 'transição à esquerda' que se seguiu na liderança do país, assumida por António Costa, levou a mudanças na gestão da companhia aérea. Após negociações, o Estado aumentou a sua participação na empresa para 50%, com o consórcio a deter apenas 45%. Os restantes 5% ficaram a cargo dos trabalhadores.
[Notícia atualizada às 19h11]
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