Incumprimento no crédito à habitação é risco para estabilidade, diz BdP

O Banco de Portugal (BdP) identifica o aumento do incumprimento dos créditos à habitação como um dos principais riscos à estabilidade financeira, segundo o Relatório de Estabilidade Financeira hoje publicado.

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Lusa
10/05/2023 15:40 ‧ 10/05/2023 por Lusa

Economia

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No documento, o BdP diz que, nos últimos meses, "os riscos para a estabilidade financeira mantiveram-se elevados" e entre os principais riscos e vulnerabilidades refere a possibilidade de aumento do incumprimento dos empréstimos, sobretudo do crédito à habitação, "devido à inflação elevada, à subida das taxas de juro de curto prazo e a um potencial agravamento da taxa de desemprego".

Em Portugal, a preponderância da taxa de juro variável nos empréstimos à habitação (superior a 90% do 'stock' de créditos) faz com que a recente e rápida subida das taxas de juro aumente no imediato os encargos com a dívida, pondo os clientes bancários particulares com dificuldades para pagar os empréstimos.

 
Também o potencial incumprimento das empresas mais vulneráveis é um risco para o Banco de Portugal, que considera que, "apesar da evidência recente de resiliência do setor, um contexto económico e financeiro mais desfavorável, caracterizado por menor crescimento económico e taxas de juro mais elevadas, fará aumentar a percentagem de empresas em vulnerabilidade".

Contudo, o BdP também diz que há fatores favoráveis que fazem atenuar esses riscos.

No caso do incumprimento pelas famílias, o BdP refere como mitigantes a redução do rácio de endividamento das famílias com menos rendimentos e a concentração do crédito à habitação em famílias com mais rendimentos (em fevereiro de 2023, 6% do 'stock' de crédito à habitação estava nas famílias de rendimentos mais baixos), o baixo nível de desemprego, a poupança acumulada nos últimos anos e as medidas do Governo de apoio ao pagamento das prestações do crédito à habitação.

No caso das empresas, considera que entre os mitigantes está o facto de as empresas estarem a conseguir preservar as suas margens comerciais e geração interna de capital e que têm reservas de liquidez em depósitos.

A evolução das taxas de juro Euribor está intimamente ligada às subidas ou descidas das taxas de juro diretoras Banco Central Europeu (BCE).

Após vários anos em terreno negativo, as Euribor começaram a subir mais significativamente desde 04 de fevereiro, depois de o BCE ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras para combater a alta inflação na zona euro.

De então para cá, o BCE já aumentou as taxas diretoras por sete vezes (a última vez a semana passada, passando a taxa de juro das principais operações de refinanciamento para 3,75%), o que significa um agravamento do valor que os clientes pagam pelos créditos, desde logo para compra de casa, o que tem deixado muitas famílias em dificuldades.

No Relatório de Estabilidade Financeira, hoje divulgado, o BdP diz que a expectativa do mercado é que o aumento das prestações dos créditos à habitação irá manter-se até setembro, ainda que mais acentuado para os empréstimos indexados à Euribor a 12 meses e mais moderado nos indexantes com prazos inferiores, sobretudo no caso da Euribor a três meses.

[Notícia atualizada às 16h04]

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