Questionada sobre os resultados das visitas domiciliárias, Catarina Pereira disse que foi identificada "uma cultura de que é normal sentir frio/calor em casa e que as pessoas não recorrem a equipamentos de aquecimento para que a fatura da energia não dispare".
"Embora sejamos um dos países da Europa mais cumpridor no pagamento dos serviços energéticos (evitando assim o endividamento), fomos o que mais aumentou nos últimos anos, neste indicador", alertou ainda.
Segundo Catarina Pereira, "tem sido difícil desenvolver as visitas domiciliárias", indicando que "há muitas razões que podem justificar a dificuldade sentida", sendo que "uma delas é encontrar/envolver um parceiro local, ou mais, que ateste junto da comunidade o trabalho" que desenvolvem "no terreno, confirmando" que estão "de forma gratuita e genuína a promover a literacia energética".
A coordenadora do projeto da Coopérnico garantiu que a entidade "tem divulgado as visitas através do seu Boletim Informativo e das redes sociais", contando ainda com o apoio de outras entidades, que "tem disseminado presencialmente o projeto junto de grupos comunitários de bairros de Lisboa e em sessões informativas em diversas instituições (universidades seniores, IPSS, Câmaras Municipais)".
"Conseguimos chegar a 70 pessoas, através das visitas domiciliárias e do atendimento nos Gabinetes Locais de Apoio, temos várias visitas domiciliárias a serem organizadas e, recentemente, a Coopérnico firmou com a Deco uma colaboração para que através dos seus balcões de atendimento Habitação e Energia, estabelecidos em várias autarquias, possa promover mais visitas domiciliárias/auditorias energéticas simples", explicou.
Segundo Catarina Pereira, as visitas obtiveram "algum retorno, pouco, de pessoas que implementaram medidas sugeridas". Há "algumas que aguardam, por exemplo, resposta do Fundo Ambiental às candidaturas que ajudámos a submeter ao Vale Eficiência e que aguardam a luz verde para substituir as janelas por mais eficientes", referiu.
Nas visitas, são ainda "indicados dicas e truques para pouparem energia", mas é "difícil quantificar quem as implementa ou não, e o impacto que estas tiveram no seu conforto térmico ou na poupança das suas faturas de energia".
Entre as dicas, está a calafetagem de portas e janelas, a ventilação correta da casa, para evitar bolor provocado pela humidade acumulada, a substituição das lâmpadas pelas de tecnologia LED, evitar eletrodomésticos em modo de espera, a manutenção regular do sistema de climatização/aquecimento das AQS (águas quentes sanitárias), entre outras.
As sessões informativas passam ainda por aprender a ler uma fatura de energia.
A Coopérnico representa Portugal no consórcio europeu do projeto Powerpoor, pertencendo a um grupo de oito países-piloto, tal como a Espanha, Grécia, Hungria, Bulgária, Croácia, Estónia e Letónia, explicou.
Assim, no âmbito deste projeto, "a Coopérnico formou e certificou uma rede de Apoiantes e Mentores de Energia para desenvolverem no terreno visitas domiciliárias selecionadas e/ou atendimento público em Gabinete Local de Apoio (o projeto prevê apoiar o estabelecimento destes Gabinetes), em parceria com instituições públicas ou privadas", destacou.