Inflação leva Bruxelas a rever em alta taxa da zona euro para 5,8%

A Comissão Europeia reviu hoje novamente em alta a previsão de taxa de inflação na zona euro para 2023, sendo agora de 5,8% face aos 5,6% anteriormente previstos, admitindo que está a revelar-se "mais persistente".

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Lusa
15/05/2023 09:22 ‧ 15/05/2023 por Lusa

Economia

Previsões

Nas previsões económicas de primavera, hoje divulgadas, a Comissão Europeia aponta que a taxa de inflação "voltou a surpreender" pela sua tendência de subida, pelo que se prevê agora 5,8% este ano na área da moeda única, que compara com 5,6% nas anteriores projeções de inverno, publicadas em fevereiro.

Para 2024, a previsão é de uma taxa de inflação na zona euro de 2,8% quando anteriormente se previa 2,5%.

No conjunto da UE, a projeção é de uma taxa de inflação de 6,7% este ano e de 3,1% no seguinte, o que compara com 6,4% e 2,8%, respetivamente, estimadas nas previsões de inverno.

"Depois de atingir um pico em 2022, a inflação global continuou a diminuir no primeiro trimestre de 2023, devido a uma forte desaceleração dos preços dos produtos energéticos", mas "a inflação subjacente - inflação global excluindo os produtos energéticos e os produtos alimentares não transformados - está, no entanto, a revelar-se mais persistente", admite Bruxelas.

Na informação hoje divulgada, a instituição europeia aponta que, "dado que a inflação permanece elevada, as condições de financiamento deverão tornar-se mais restritivas".

"Embora se espere que o Banco Central Europeu [BCE] e outros bancos centrais da UE estejam a chegar ao fim do ciclo de subida das taxas de juro, a recente turbulência no setor financeiro deverá aumentar a pressão sobre o custo e a facilidade de acesso ao crédito, abrandando o crescimento do investimento e atingindo, em especial, o investimento residencial", elenca.

Ao mesmo tempo, segundo a Comissão Europeia, os riscos negativos para as perspetivas económicas aumentaram, sendo que "uma inflação de base mais persistente poderá continuar a limitar o poder de compra das famílias e obrigar a uma reação mais forte da política monetária, com amplas ramificações macrofinanceiras".

"Uma orientação expansionista da política orçamental alimentaria ainda mais a inflação, o que se inclinaria contra a ação da política monetária e, além disso, podem surgir novos desafios para a economia mundial na sequência da turbulência no setor bancário ou relacionados com tensões geopolíticas mais vastas", adianta o executivo comunitário.

Em conferência de imprensa na apresentação destas projeções económicas, em Bruxelas, o comissário europeu da tutela, Paolo Gentiloni, vincou que "não há razão para complacência [dado que] a inflação continua elevada".

"Isso significa que devemos garantir que a política orçamental seja consistente com nossas prioridades políticas e, na mesma linha, é importante manter o empenho na implementação dos Planos de Recuperação e Resiliência", apelou.

Já a médio e longo prazo, "a inflação global deverá continuar a abrandar", anteviu Paolo Gentiloni, adiantando esperar que as componentes principais "desacelerem de forma mais gradual à medida que as pressões dos choques de custos anteriores diminuam e as condições de financiamento se tornam mais rígidas".

Ainda assim, a taxa de inflação "deve permanecer elevada ao longo do horizonte de projeção, refletindo as fortes perspetiva salariais".

O objetivo do BCE é que a inflação na zona euro fique abaixo dos 2%, razão pela qual tem avançado com medidas de política monetária como aumento das taxas de juro.

[Notícia atualizada às 10h55]

Leia Também: Comissão melhora estimativa do crescimento alemão para 1,4% em 2024

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